A Macrorregional de Saúde do Norte do Paraná, que abrange as regionais de saúde de Jacarezinho, Cornélio Procópio, Londrina, Apucarana e Ivaiporã, registrou, em 2017, 73 doações de órgãos, um recorde. Entretanto, se comparada com as demais regiões do Estado, fica em último lugar no ranking, atrás das de Maringá, com 81 doações; de Cascavel, com 106; e de Curitiba, com 236 doações, totalizando 496 doações no Paraná.
As informações são do relatório Dados de Doações e Transplantes da Central Estadual de Transplantes (CET-PR) e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que levanta dados comparativos de 2011 a 2017.
Em relação ao número de transplantes, a macrorregião de Londrina realizou 207 operações com órgãos e tecidos de doadores mortos. Deste total, foram 179 operações de córnea, 26 de rim e duas de coração. Em relação ao Estado, estes números representam cerca de 20% dos procedimentos de córnea, 6% dos de rim e 5% dos de coração.
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Ogle Beatriz Bacchi, coordenadora regional da Organização de Procura de Órgãos (OPO), ligada à Central Estadual de Transplantes, explica que os números só são expressivos se comparados ao número de doações e transplantes no Estado e na região há 10 anos. Todavia, se comparados ao número de pessoas que esperam por uma doação, os dados ainda estão abaixo do necessário para suprir a demanda.
Para Ogle, no quesito transplante de córneas, a região teve bons resultados. O Hospital de Olhos de Londrina (Hoftalon) realizou 162 operações; o Hospital Universitário (HU) fez 11 transplantes; o Hospital Nossa Senhora das Graças, de Apucarana, realizou cinco; e o Hospital Evangélico de Londrina, uma operação.
No Paraná, mais de 2 mil pessoas aguardam por um transplante; mais de 1,1 mil esperam por rins, 300 delas na macrorregião de Londrina. Este último dado é seguido pela fila para um fígado (197 pessoas), córnea (39) e coração (19).
Em 2017, em todo o Paraná, foram registrados 1.111 notificações de morte encefálica e encaminhamentos para possíveis doações, 203 deles na região de Londrina. Destas 203 notificações, 36% resultaram em doação de órgãos, mas 47 famílias, o equivalente a 23%, não autorizaram a doação de órgãos do familiar após a morte e 29%, 59 casos, tiveram contraindicações médicas para doar.
O ano passado também foi de recorde de transplantes em todo o Estado. Foram transplantados 482 rins, 265 fígados, 39 corações e 22 pâncreas; 808 ao todo. Se comparado aos anos anteriores, o Paraná obteve um crescimento de 12,5% em relação a 2016 e de 340% em relação a 2010, quando foram transplantados 184 órgãos. Com esses números, o Estado se mantém como segundo no país com melhor desempenho na área de doação, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, atrás, apenas, de Santa Catarina.
Como se tornar um doador
Para ser um doador no Brasil basta informar a família sobre a intenção de doar os órgãos após a morte encefálica, ou seja, a interrupção irreversível das atividades cerebrais. Somente ela pode autorizar que o procedimento seja realizado.
São dois os tipos de doadores: doadores mortos, com morte encefálica confirmada, e doadores vivos, pessoas saudáveis que concordem com a doação de rim, medula óssea e parte do fígado ou do pulmão para um familiar. A doação para não parentes depende de autorização judicial.
O que pode ser doado?
Um único doador morto, dependendo das boas condições dos órgãos, pode salvar até dez vidas por meio das doações dos rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas, e tecidos como ossos, tendões, córneas, pele e valvas cardíacas. Os primeiros pacientes compatíveis que estiverem aguardando em lista única da Central Estadual de Transplantantes recebe os órgãos doados.
Avanços
A partir de 2018, o Paraná passa a fazer também o transplante de pulmão, a única operação ainda não ofertada no Estado. O procedimento ocorrerá em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.