No Brasil, a incidência e mortalidade por tuberculose têm diminuído a cada ano. Apesar disso, a doença ainda é considerada um problema de saúde pública. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose está ampliando o diagnóstico da tuberculose por meio da expansão da Rede de Teste Rápido Molecular para tuberculose.
A ampliação do diagnóstico foi iniciada em 2013 e, neste ano, em parceria com as secretarias estaduais de Justiça e de Saúde do Rio de Janeiro e de Porto Alegre, será lançado o projeto "Como aumentar a detecção de tuberculose na população privada de liberdade" com foco na população prisional.
No exame tradicional, são necessários de 30 a 60 dias para realizar o cultivo da microbactéria e até 42 dias para se obter o diagnóstico de resistência à Rifampicina, a mais importante das drogas usadas no tratamento.
Com o novo teste, além de reduzir o tempo de realização do exame para duas horas, os índices de sensibilidade e especificidade de resistência à Rifampicina chegam a 92,5% e 99%, respectivamente. A iniciativa pretende aumentar a detecção precoce de casos de tuberculose em aproximadamente 35 mil pessoas e ainda garantir tratamento em tempo adequado.
Aprovado pela TB Reach, programa ligado ao Stop TB Partnership da Organização Mundial da Saúde (OMS), o projeto brasileiro se adequa ao objetivo do TB Reach, que é o desenvolvimento e aplicação de soluções e intervenções inovadoras e estratégias eficientes para atividades que resultem no aumento da detecção de casos de tuberculose, na redução da transmissão e prevenção do surgimento de formas resistentes da doença.
"Almejamos que a execução desse projeto seja um fator motivador para os gestores, profissionais de saúde e agentes prisionais, de forma que o controle da tuberculose se torne rotina no sistema prisional", explica o coordenador do PNCT, Dráurio Barreira.
Reconhecendo o elevado coeficiente de incidência da tuberculose na população privada de liberdade e as dificuldades de se implantar ações de saúde no sistema prisional, o PNCT submeteu projeto ao TB Reach, em 2013, com foco na população prisional dos municípios do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Charqueadas (RS). Em março de 2014, o projeto foi aprovado pelo TB Reach e receberá aporte de cerca de US$ 600 mil.
Contratar técnicos especializados, aplicar modelo de comunicação, desenvolver campanhas educativas e estabelecer metas de identificação de casos suspeitos, diagnóstico e tratamento estão entre as ações propostas pelo projeto do PNCT.
Ocupação prisional
A ocorrência da tuberculose em presídios é um grande problema de saúde pública. Estudos sobre a saúde da população encarcerada no Brasil mostram que a crescente taxa de ocupação prisional, sem a concomitante adequação de estrutura física e de recursos humanos, somada às condições precárias de higiene, ventilação e iluminação solar nas celas, compõe um cenário frequente no sistema prisional. Esta situação produz riscos para o adoecimento de detentos e cria condições favoráveis à infecção pelo Mycobacterium tuberculosis, além da disseminação da doença.
O projeto do PNCT visa ainda promover mudanças de comportamento por meio de estratégias diferenciadas de comunicação para sensibilizar profissionais de saúde e segurança, presos e familiares para a importância do diagnóstico precoce e tratamento oportuno.