O novo plano preparado pelo Ministério da Saúde para combater a dengue prevê a ampliação dos métodos de controle do mosquito transmissor da doença e a criação de polos de hidratação para a população. Além disso, inclui a extensão do horário de funcionamento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
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O "Plano de ação para redução dos impactos da dengue e outras arboviroses" está estruturado em seis eixos principais: prevenção, vigilância dos vírus e dos mosquitos, controle dos transmissores, organização dos serviços de saúde e preparação e resposta às emergências, além da comunicação social, gestão de risco e participação comunitária.
No eixo de controle dos mosquitos transmissores, o plano prevê a ampliação do uso da bactéria Wolbachia. Essa estratégia consiste em liberar mosquitos aedes aegypti infectados com a Wolbachia, o que impede o desenvolvimento do vírus da dengue no vetor.
Outro método é a liberação de mosquitos estéreis, que, após o acasalamento, produzem ovos que não resultam em novos insetos.
Já no eixo de organização dos serviços de saúde, o plano propõe a criação de polos de hidratação, que podem ser estruturas físicas temporárias ou localizadas nas próprias unidades de saúde.
Esses polos funcionarão em tempo integral para agilizar o atendimento, reduzindo o tempo de espera e oferecendo hidratação venosa, além de acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes. A hidratação é uma das principais estratégias de tratamento da doença. As unidades também receberão testes rápidos para diagnóstico de dengue.
Uma das alternativas para ampliação do acesso e consequentemente redução nas filas de atendimento será o aumento do horário de atendimento das UBSs.
O plano contempla ainda a oferta de serviços de teleorientação para casos suspeitos de arboviroses e a organização de mutirões de cirurgias para crianças com sequelas da síndrome congênita pelo vírus zika.
Os eixos do plano foram apresentados na reunião da CIT (Comissão Intergestores Tripartite) nesta quinta-feira (29). Entretanto, ele ainda será pactuado pela comissão na próxima reunião.
Rivaldo Venâncio da Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, disse que o plano foi elaborado por cerca de 200 pessoas, incluindo representantes do Ministério da Saúde, do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e membros de universidades.
A meta é reduzir os casos prováveis e o número de óbitos por dengue, zika e chikungunya no próximo período sazonal.
"Estamos considerando apresentar o plano por etapas. Algumas ações precisam começar imediatamente, enquanto outras dependem da avaliação da pactuação do ano passado, como é o caso da vacinação, e de estudos de cenários atualizados", afirmou a ministra Nísia Trindade.
Ela ressaltou a importância de distinguir as ações que terão impacto imediato daquelas que, embora estruturantes, não devem apresentar resultados em curto prazo. "Por exemplo, o caso da Wolbachia em Niterói, que levou oito anos de trabalho para alcançar bons resultados", acrescentou.
A ministra da Saúde disse que esse plano será apresentado ao presidente Lula (PT).
Como a Folha de S.Paulo mostrou, a vacinação contra a dengue ainda não será a principal estratégia de combate à dengue em 2025. O plano prevê o aumento gradual da produção das vacinas desenvolvidas pelo laboratório Takeda e pelo Instituto Butantan.
A vacina do Butantan se tornou a principal aposta do SUS (Sistema Único de Saúde), é um imunizante de dose única que demonstrou alta eficácia (89%) contra casos graves ou com sinais de alerta, independentemente do risco de hospitalização.
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