O Paraná manteve altos índices de transplantes de órgãos em 2021. Além de permanecer na liderança nacional pmp (por milhão de população) em transplantes de rim e em segundo lugar em transplantes de fígado, é um dos quatro estados brasileiros que fizeram transplante de pulmão no ano passado. Os dados são do balanço anual do RBT (Registro Brasileiro de Transplantes), da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos).
Ao todo, foram registradas 412 doações efetivas de órgãos, que resultaram em 1.468 transplantes, além de 395 procedimentos de medula óssea.
“O Sistema de Transplantes do Paraná é um dos melhores do Brasil, desde a entrevista familiar até a realização do procedimento. Temos uma grande estrutura de profissionais capacitados, a menor recusa em doações do país e tivemos um recorde histórico no número de notificações no ano passado”, destacou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
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Segundo a coordenadora do SET-PR (Sistema Estadual de Transplantes do Paraná), Juliana Ribeiro Giugni, os números também são reflexo do apoio da população. “Isso é fruto de um trabalho que vem sendo realizado ao longo dos anos, que inclui a capacitação dos profissionais e a solidariedade dos paranaenses em dizer sim cada vez mais para a doação”, destacou.
Além da solidariedade, o sucesso de transplantes também é fruto da estrutura de logística para transporte e segurança dos órgãos. No caso de doadores que estejam a mais de 200 quilômetros de distância do receptor há apoio aéreo para agilizar o procedimento. Pelo menos cinco aeronaves do governo estadual dão este suporte. Somente em 2021 foram 65 missões de voo para o transporte de 194 órgãos.
Destaque
Ainda segundo o documento, nacionalmente os números de transplantes renais e hepáticos (de fígado) registraram queda de 2% em relação a 2020. O Paraná manteve o bom desempenho dos anos anteriores e ficou bem acima da média do país, registrando em números absolutos 442 transplantes de rim (38,4 pmp) e 252 de fígado (21,9 pmp). A média nacional para os procedimentos fechou em 22,4 pmp e 9,6 pmp, respectivamente.
O estado também aparece entre as seis unidades da Federação que fizeram transplantes de pâncreas no último ano, com oito procedimentos (0,7 pmp). Já com relação à medula óssea, dentre os 13 estados, o Paraná ocupa a quarta colocação, com 395 procedimentos (34,3 pmp), quase o dobro da média do país (18,1 pmp).
O Paraná também se sobressai em transplantes pediátricos. É líder entre os 11 estados que fazem transplantes de medula óssea nesta modalidade, com 118 procedimentos (36,0 pmp), mais que o triplo da média nacional (9,8 pmp).
Já com relação aos transplantes de fígado pediátricos, entre 12 estados o Paraná ocupa a terceira colocação, com 23 procedimentos (7,0 pmp) no ano passado, o dobro da média do País (3,7 pmp), e fica em quarto lugar entre os 14 estados que fazem transplantes de rim pediátricos, com 25 procedimentos (7,6 pmp), acima da média do Brasil de 4,9 pmp.
Segundo o SET-PR, cerca de 2,7 mil
paranaenses aguardam na fila por um transplante.
“Sabemos que é uma espera angustiante e, por isso, pedimos que a população continue fazendo a diferença. Quanto mais doações tivermos, mais transplantes faremos”, ressaltou a coordenadora.
Doações
Em 2021, o estado contabilizou recorde histórico de notificações de potenciais doadores, com 1.257 registros. A notificação é fruto do trabalho do SET, estruturado pela CET-PR (Central Estadual de Transplantes), com quatro OPOs (Organizações de Procura de Órgãos) que atuam com as 67 CIHDOTT (Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante) nas ações de identificação de potenciais doadores, acolhimento e entrevista familiar para doação de órgãos e tecidos.
Após o aceite da doação, todos os potenciais doadores são testados para a Covid-19, por meio de exame RT-PCR, considerado padrão-ouro pela OMS (Organização Mundial da Saúde), além de demais exames de rotina para assegurar o bom estado dos órgãos para transplantes. No último ano, 514 doações foram descartadas por contraindicação clínica, o que representou 41% do total. Destas, a maioria por detecção do coronavírus ou o contato recente com casos confirmados da doença.
“Somos líderes em testagem de RT-PCR para a Covid-19 desde o início da pandemia e com os doadores não seria diferente. Essa testagem dá mais transparência e segurança na hora de realizar os procedimentos, tanto para o receptor quanto para os profissionais envolvidos”, afirmou Beto Preto.
O Paraná ficou em segundo lugar em doações efetivas na média pmp (35,8), atrás apenas de Santa Catarina (40,5 pmp). Os dois estados são os únicos do país que atingiram números acima de 22 pmp, segundo o RBT. A média nacional é de 15,1 pmp. Em números absolutos, o Paraná também ocupa a segunda colocação, atrás de São Paulo (995 doações), que possui quase quatro vezes mais habitantes.
A queda no número efetivo de doações está diretamente ligada à pandemia e foi registrada em todo o Brasil. Segundo a ABTO, “a principal causa da queda na taxa de efetivação da doação foi o aumento de 60% da taxa de contraindicação à doação, que passou de 15% em 2019 para 24% em 2021”.