MALFORMAÇÃO – A maior parte dos atendimentos do Caif (Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Labio-Palatal) está relacionada ao lábio leporino e fenda palatal, que têm incidência de um caso a cada 650 nascimentos. Trata-se de malformação que ocorre no embrião logo nos primeiros meses de desenvolvimento, ainda no útero.
As duas partes do lábio e o céu da boca se unem no final do processo de formação embrionária. Quando isso não acontece, surge a fissura palatina, que já pode ser diagnosticada na 14ª semana de gestação por meio de exames de imagem (ecografia).
Foi o caso do pequeno Thomas, de um ano e dois meses. A mãe, Érica Jaqueline Ribeiro Medeiros dos Santos, 24 anos, conta que soube ainda durante a gravidez, quando uma ecografia revelou a fenda do palato em toda sua extensão. O menino começou a ser atendido no Caif já aos sete dias de vida e fez a primeira cirurgia cinco meses depois. Até hoje frequenta a Instituição.
Na maior parte das vezes, esse tipo de malformação é hereditária; mas parece não ser o caso de Thomas. Jaqueline diz que não há caso semelhante na sua família nem na do marido. Ela ainda vai passar por exames genéticos, mas conta que o trabalho com Thomas é tanto que ela pretende deixar de trabalhar quanto a ter outro filho Jaqueline responde só em 10 anos, avalia. Por enquanto, precisa cuidar de Thomas.
EQUIPE – Como Thomas, os bebês costumam ser acompanhados por muito tempo (20 anos), já que o processo de tratamento do lábio leporino é longo e bastante complexo. Além dos cuidados de cada uma das especialidades médicas, é preciso evitar distúrbios respiratórios, infecções crônicas, má nutrição e problemas na dentição.
"No Caif, do Hospital do Trabalhador, trabalham 68 profissionais para garantir reabilitação funcional e estética dos pacientes, permitindo sua inclusão na sociedade", explica a enfermeira Rosana Gabardo Andrade, gerente da unidade. Essa questão é da maior importância, já que os portadores de fissuras lábio palatinas enfrentam muitas dificuldades por conta do comprometimento estético, psicológico e fonético.
Já a enfermeira Ana Maria Cosvoski Alexandre, coordenadora do Caif/HT, explica que o primeiro atendimento a um paciente recém-chegado é feito pelas áreas de Psicologia e Serviço Social.
Aos poucos, seguem-se consultas com as outras especialidades e com os dentistas. Lá existem seis consultórios odontológicos e 20 cirurgiões-dentistas. O setor realiza uma média de 1,6 mil procedimentos odontológicos por mês, incluídos no total de 3,3 mil procedimentos mensais realizados por todas as especialidades.
Cerca de 2 mil pacientes são atendidos no Caif por mês, exclusivamente pelo SUS, e realizados no Centro Cirúrgico Eletivo do Hospital do Trabalhador cerca de 100 cirurgias/mês, incluindo algumas de alta complexidade.
O Centro é referência no país para o tratamento de deformidades da face. No Caif, os pacientes recebem atenção de uma equipe especializada multidisciplinar, incluindo as áreas de neurologia, genética, cirurgia plástica, otorrinolaringologia, oftalmologia, pediatria, anestesiologia, clínica geral, psicologia, serviço social, nutrição, fonoaudiologia, enfermagem e as várias especialidades da odontologia.