A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) estima que 25 mil dos 45 mil profissionais de saúde federais tenham aderido à paralisação convocada para hoje (12) em todo o país. Os médicos suspenderam as atividades para pedir a alteração da Medida Provisória (MP) nº 568, de 2012. O texto prevê que os médicos que atualmente mantêm jornada de 20 horas semanais no serviço público, ao ingressar na carreira, tenham que cumprir 40 horas semanais e receber o mesmo valor.
Nesta tarde, uma comissão mista do Congresso Nacional deve analisar o relatório sobre a MP apresentado pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado. Com o aval da Presidência da República, o parlamentar apresentará emenda ao texto. "O Ministério do Planejamento reconhece que teve um erro na medida provisória. Nós vamos corrigir o erro", disse a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao deixar o Congresso após reunião com Eduardo Braga.
Caso o pedido de alteração não seja atendido, os médicos federais podem iniciar a primeira greve nacional da categoria no próximo dia 28, informou o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Waldir Cardoso.
"É uma demonstração de que os médicos estão absolutamente insatisfeitos e exigem a retirada da matéria da medida provisória que reduz a remuneração dos médicos em 50%", disse Cardoso. "É um acúmulo de forças e um aviso", completou.
Segundo ele, a paralisação de hoje não representa apenas a defesa dos direitos dos profissionais de saúde, mas da população em geral, uma vez que a Fenam considera a redução de 50% do salário dos médicos "um atentado ao interesse da sociedade e do Sistema Único de Saúde [SUS]".
"Temos confiança nas palavras das lideranças, do relator, senador Eduardo Braga, que nos assegurou que não vai prejudicar a categoria. Nossa expectativa é muito positiva", ressaltou o secretário.
Durante a paralisação de hoje, os serviços de urgência e emergência, de acordo com a federação, funcionam normalmente. A dona de casa Conceição Santana, 46 anos, procurou o Hospital Universitário de Brasília (HUB) para dar continuidade a um tratamento contra a obesidade e, apesar de não haver urgência, conseguiu ser atendida. Ela sente medo, entretanto, que uma greve geral da categoria possa comprometer o serviço público de saúde.
"Se os médicos entrarem em greve, vai afetar muita gente. Esse hospital é sempre cheio e os profissionais de saúde aqui são muitos atenciosos. Eles também precisam reivindicar melhores salários e condições de trabalho para que continuem atendendo bem os pacientes", acrescentou Conceição.
Desde 1995, a costureira Odete Ricardo da Silva, 47 anos, recorre ao HUB quando precisa de uma consulta. Hoje, compareceu ao local para um exame de sangue e conseguiu atendimento. "Nem sabia dessa paralisação. Por enquanto, não notei nada de diferente. Eles [os médicos] têm o direito de reivindicar melhorias na área profissional, só não podem entrar em greve, senão [a paralisação] atrapalha o atendimento."