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Para 70%, velocidade da vacinação está mais lenta do que deveria, aponta Datafolha

19 mai 2021 às 08:14


Sete em cada dez brasileiros (70%) acham que a velocidade da vacinação contra a Covid-19 no país está mais lenta do que deveria, de acordo com pesquisa Datafolha.

Outros 22% avaliam que o ritmo de imunização está dentro do prazo possível, 8% afirmam estar mais rápido do que deveria e 1% não opinou.


Os que se mostram descontentes com a velocidade da imunização são majoritários em todos os estratos da pesquisa e alcançam a taxa mais alta entre os que têm de 25 a 34 anos (80%).


Já no grupo que vê o ritmo da vacinação dentro do prazo possível, a taxa sobe a 40% entre os que aprovam a gestão Jair Bolsonaro (sem partido).


Para esse levantamento, o Datafolha entrevistou presencialmente 2.071 brasileiros com 16 anos ou mais, em todas as regiões do país, entre os dias 11 e 12 de março. A margem de erro total é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.


Com a campanha de vacinação iniciada em janeiro de 2021, o país aplicou a primeira dose em 24,4% da população adulta e a segunda, em 12,1%. No total, foram aplicadas 58,6 milhões de doses, segundo dados do consórcio dos veículos de imprensa, integrado por Folha de S.Paulo, UOL, G1, O Estado de S. Paulo, Extra e O Globo, desta segunda-feira (17).


Mesmo que o país tenha ainda índices de vacinação considerados bastante tímidos pelos especialistas, o Datafolha revela uma pequena melhora na avaliação da velocidade da imunização se comparada à pesquisa anterior, de março deste ano. Na ocasião, 76% disseram que a imunização estava mais lenta do que deveria; 18% a avaliaram como dentro do prazo e 6% como mais rápida do que o esperado.


No período entre as duas pesquisas, o país viu uma aceleração na vacinação contra a Covid-19, após o Ministério da Saúde liberar o uso de vacinas que estavam reservadas para a segunda dose.


O ritmo da vacinação chegou a estagnar em meados de abril, em razão da redução da previsão de ofertas de novas doses, mas voltou a crescer no fim do mês com a chegada do primeiro lote da imunizante da Pfizer ao país e de novas entregas da Fiocruz (Oxford/Aztrazeneca).


No entanto, a estratégia do governo federal de não reservar a segunda dose logo mostrou problemas. Com atraso na chegada de insumos da China, no início de maio mais da metade das capitais do país registrava falta da Coronavac (do Instituto Butantan) para aplicação da segunda dose, sendo que em nove delas a etapa final da imunização foi suspensa.


E o ritmo de vacinação pode diminuir, já que a produção da Coronavac está parada em razão de um novo atraso na entrega de 10 mil litros de insumo –o equivalente a cerca de 18 milhões de doses da vacina– que estão na China aguardando liberação. Parte dessa carga, cerca de 4.000 litros, deve chegar ao país no dia 26 deste mês.


O descontentamento da maioria com o ritmo da imunização, no entanto, não se reflete na avaliação do desempenho do Ministério da Saúde na aquisição de doses contra a Covid-19, mostra a pesquisa.


Um terço dos entrevistados (32%) aponta como ótimo ou boa a atuação da pasta na compra de vacinas. Já 33% avaliam como regular e 34% como ruim ou péssima. Uma fração de 1% não opinou.


Se comparada com a pesquisa anterior, de março deste ano, os novos percentuais mostram uma melhora na avaliação do governo federal. Naquela data, 27% tinham o trabalho do Ministério da Saúde em adquirir vacinas contra a Covid-19 como ótimo ou bom, 32% como regular e 40% como ruim ou péssimo.


A alta na avaliação se deu mesmo diante do cenário atual adverso para a gestão Bolsonaro nesse tema. A CPI da Covid no Senado começou os trabalhos no fim de abril e tem centrado fogo no empenho do governo para garantir a vacinação da população.


No último dia 14, após duas semanas de depoimentos, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse ao jornal Folha de S.Paulo considerar que já está provado que o governo federal negligenciou inicialmente a compra de vacinas. "Não houve nenhum interesse na compra da vacina no primeiro momento."


Em depoimento à CPI, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou que a empresa fez em 2020 ao Brasil ao menos cinco ofertas de doses de vacinas contra o coronavírus e que o governo federal ignorou proposta para comprar 70 milhões de unidades do imunizante.


O ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten afirmou, também em depoimento à CPI, que uma carta enviada pela Pfizer com proposta para fornecimento da vacina, enviada em setembro de 2020, permaneceu dois meses sem resposta do governo federal.


A pesquisa mostra que o índice de aprovação ao trabalho do Ministério da Saúde na aquisição de vacinas é mais alto entre os que têm 60 anos ou mais (39%), os com menor escolaridade (39%), os aposentados (40%) e os moradores das regiões Centro-Oeste/Norte (41%).


Os números favoráveis ainda são impulsionados pelos grupos que demonstram apoio a Bolsonaro, chegando a 59% entre os que aprovam o governo, 62% entre os que sempre confiam nas falas do presidente e 66% no grupo dos que se dizem satisfeitos com o desempenho do governo federal no combate à pandemia.


Já a reprovação do trabalho da Saúde encontra maioria entre os com mais escolaridade (47%), os que possuem renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos (55%) e os moradores da região Sudeste (40%) do país.


Ainda avaliam como ruim ou péssimo o desempenho da pasta na compra de imunizantes 51% dos que reprovam o governo, 46% dos que nunca confiam nas falas do presidente e 51% dos que reprovam o desempenho do governo federal no combate à pandemia.

Durante pronunciamento em março, Bolsonaro prometeu imunizar toda a população até o final de 2021 –o que é considerado pouco provável pelos especialistas, diante da oferta atual de doses. "Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal", afirmou, na ocasião.


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