O fim do mês de janeiro é marcado pelo início do ano letivo em muitas instituições de ensino em todo país. Em Londrina, algumas instituições particulares voltaram às atividades presenciais nesta segunda-feira (31). Já os 46 mil alunos da rede municipal começam o ano letivo na próxima segunda-feira (7). Neste ano, o período coincide com o aumento do número de casos de Covid-19, impulsionados pela variante ômicron. Apesar do avanço da vacinação em crianças, essa situação é uma preocupação a mais para pais e responsáveis.
Para especialistas, é importante que as crianças sejam instruídas sobre as recomendações e novas regras de convivência nesse período de pandemia. “A principal recomendação é que os pais verifiquem as normas sanitárias que a escola de seu filho está tomando e as repassem para as crianças”, disse a pediatra Camila Ercolim Ramos.
Atividades lúdicas
Leia mais:
Queixas contra planos de saúde quase quadruplicam em cinco anos
Redes de fast food não planejam retirar cebola do cardápio no Brasil
Organizações elaboram carta para Unesco por justiça racial na educação
Doença do Maguila também pode ser causada por violência doméstica, diz médico
Em geral, as medidas são as mesmas que todos deveriam seguir no cotidiano: uso de máscaras, higiene das mãos, ter um tubo de álcool gel para uso individual e isolamento em caso de febre ou algum outro sintoma da Covid-19. “É fundamental explicar a doença e o porquê das medidas sanitárias às crianças. Isso pode ser feito por meio de brincadeiras, desenhos e outras atividades lúdicas”, comentou a pediatra.
“Há também diversos vídeos educativos na internet sobre o assunto e que, por exemplo, ensinam como lavar a mão corretamente. Tudo isso pode ser repassado à criança para que ela entenda a situação atual. É importante explicar de uma maneira que não a deixe ansiosa e com medo para não desenvolver algo pior”, complementou.
Ambiente escolar
As escolas, ainda segundo a pediatra, são ambientes propícios à transmissão de doenças infecciosas e por isso um cuidado extra é necessário, já que muitas crianças estão tendo agora a sua primeira experiência de convívio social, sendo expostas a diversas doenças de uma só vez depois de um período de isolamento.
Para a pedagoga Barbara Raquel do Prado Gimenez Correa, professora da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), as gestões das escolas terão uma tarefa difícil nesses próximos meses não só para tornar o ambiente seguro para alunos e colaboradores. Os pais e responsáveis terão de explicar às crianças que atividades comuns no período pré-pandemia, como compartilhamento de material escolar e lanches durante o intervalo, não poderão ser replicados agora.
Preencher lacunas
Entretanto, o maior desafio para as escolas e famílias será preencher as lacunas que as dificuldades do ensino remoto deixaram nos últimos anos. “Para as crianças, isso foi algo muito mais sério porque elas são dependentes de outros adultos para participar das aulas remotas. Então houve uma defasagem, especialmente no processo de alfabetização. O que vem sendo indicado é que as escolas façam uma avaliação diagnóstica em cada sala de aula para determinar quais são as dificuldades específicas e pontuais dessas crianças”, explicou.
Essa avaliação deve ser estratégica e parte do PPP (Projeto Político Pedagógico), documento que norteia as ações e propostas educacionais de cada instituição de ensino. “Conforme o seu PPP, as escolas podem desenvolver atividades como aulas em contraturno e outros planos didáticos pedagógicos para tentar reverter essa defasagem que já era grande no país por conta da desigualdade social e piorou com a pandemia”, afirmou Correa.
Acolhimento
Outra função que a escola terá é de acolher crianças e adolescente que foram vítimas da Covid-19, perdendo pais, irmãos e familiares. De acordo com a pedagoga, esse acolhimento deve ser geral nas instituições, abrangendo não só alunos, como professores e colaboradores que também sofreram nesse período. Os pais têm um papel importante nesse processo: eles devem explicar a importância da escola aos filhos não só como um ambiente de aprendizado, mas como um território social e também devem entender essas instituições como espaços sociais e não de terapia.
“Isso precisa ficar claro, porque muitas famílias têm a expectativa de que a criança vai ter uma terapia na escola. Cada profissional tem seu espaço e suas próprias estratégias. As estratégias da escola sempre passam pela abordagem pedagógica e pelo processo de aprendizagem”, pontuou. "E ninguém ensina ou aprende sem afetividade. Por isso, é necessário que professores tenham um repertório de acolhimento provido pelas redes de ensinos. Eles precisam desse acolhimento para que essa postura de empatia seja repassada no dia a dia com os alunos”, concluiu.