A adesão ao tratamento é um problema comum a todas as doenças crônicas. De uma maneira, ou de outra, os pacientes cansam do tratamento, o abandonam, não o seguem à risca. O problema foi abordado durante a Reunião Científica Anual do Colégio Americano de Reumatologia, em Atlanta, EUA.
Pesquisadores do MD Anderson Cancer Center, em Houston, apresentaram um trabalho, abordando problemas na adesão ao tratamento por parte de pacientes reumáticos, com artrite e lúpus. Durante dois anos, os estudiosos realizaram dois estudos, um para monitorar a taxa de adesão ao tratamento de 110 pacientes com atrite reumatóide e outro para determinar a adesão de 74 pacientes com lúpus ao tratamento proposto.
Com a permissão dos participantes, os pesquisadores monitoraram as tampas dos frascos de remédios por meio de um microchip, que registrava a hora e a data de abertura do frasco. Assim, podiam determinar o nível semanal de adesão do paciente ao tratamento, analisando o número de dias de uso do remédio e a dosagem tomada.
Em geral, a taxa de adesão nos dois grupos estudados foi baixa. A taxa de adesão ao tratamento foi de 59% dos participantes no estudo de artrite reumatóide e 64% dos participantes no estudo sobre lúpus. Além disso, os pesquisadores descobriram que apenas um, em cada cinco participantes, de ambos os estudos, tinha uma taxa de adesão média de 80%.
No estudo de artrite reumatóide, os participantes foram mais bem sucedidos em tomar a dosagem correta de seus medicamentos, na hora certa, a cada dia e semanalmente. Os participantes deste estudo que tinham pior saúde, em geral, mas melhor estado de saúde mental apresentaram maior adesão ao tratamento. Já os participantes que moravam sozinhos, os separados e os viúvos apresentaram uma menor adesão ao tratamento.
No estudo do lúpus, a depressão foi associada com a menor adesão ao tratamento. Aqui também, os pacientes com melhor estado de saúde mental demonstraram maior adesão ao tratamento.
"Os resultados dos dois estudos mostram que a menor adesão ao tratamento dos pacientes com artrite reumatóide e o lúpus afeta negativamente a saúde destes pacientes. Com anos de prática clínica, defendo a importância contínua do monitoramento dos pacientes reumáticos. É muito importante verificar se os pacientes estão tomando apropriadamente sua medicação e seguindo as demais orientações médicas, antes de determinarmos que um tratamento é ineficaz", defende o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).
Em muitos casos, antes de procurar outra alternativa terapêutica, o reumatologista precisa entender o porquê o paciente não consegue tomar sua medicação, conforme o prescrito. "O aconselhamento e a prática pedagógica têm sido constantes no tratamento de reumáticos. É preciso educar o paciente a lidar com uma nova rotina, com um novo tratamento, com uma nova medicação. É preciso aprender a viver com a doença reumática", destaca Sérgio Lanzotti (com MW- Consultoria de Comunicação).