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Vacina Anti-Covid

Oxford diz que adiar 2ª dose não reduz eficácia de imunizante

Ana Estela de Souza Pinto - Folhapress
03 fev 2021 às 10:43

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- iStock
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Resultados preliminares publicados nesta terça-feira (2) indicam que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca mantém sua eficácia quando o intervalo entre as duas doses é ampliado para 12 semanas, como vem fazendo o Reino Unido.


No Brasil, onde o imunizante é o principal do programa do governo federal, o plano de imunização também recomenda um intervalo de 12 semanas.

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De acordo com o estudo, ainda não revisado por pares, a primeira dose tem eficácia de 76% da terceira até a décima segunda semana, "com a proteção mostrando pouca evidência de diminuição neste período".

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Os autores também afirmam que um intervalo maior entre as doses é benéfico a longo prazo: a eficácia subiu para 82,4% quando a segunda dose da vacina de Oxford/AstraZeneca foi administrada após 12 semanas.

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O adiamento da segunda dose no Reino Unido foi adotado com o objetivo de proteger o maior número de pessoas possível com ao menos a primeira dose, e é usado também para as outras duas vacinas aprovadas, a da Pfizer/BioNTech e da Moderna. Os fabricantes dessas duas vacinas, porém, não fizeram testes para determinar a eficácia em intervalos mais longos.


O intervalo mais longo sofreu críticas de cientistas -apontaram risco de estímulo a mutações- e de administradores de asilos, que relataram mortes por Covid-19 de idosos que tinham recebido só a primeira dose.

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O estudo de eficácia de Oxford/AstraZeneca foi feito com 17.177 participantes, dos quais 8.948 no Reino Unido, 6.753 no Brasil e 1.476 no Reino Unido. Segundo os autores, há também indícios de que a vacina ajude a reduzir a transmissão do Sars-Cov-2, mas uma amostra maior seria necessária para conclusões mais seguras.


O secretário da Saúde britânico, Matt Hancock, classificou o resultado como "extremamente encorajador", mas cientistas fizeram ressalvas sobre as conclusões. Uma delas é que, como o estudo não foi projetado para comparar intervalos de dosagem, os participantes não foram randomizados e pode haver outros motivos por trás dos resultados, que não o tempo decorrido desde a primeira dose.

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De acordo com a professora de epidemiologia do Imperial College Azra Ghani, os voluntários acompanhados após uma única dose eram mais jovens, com maior participação de mulheres, de brancos, de profissionais de saúde e de residentes no Brasil, na comparação com os que receberam as duas doses.


"Além disso, eles foram acompanhados por um período de tempo significativamente mais longo", disse ela ao jornal britânico Financial Times.

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EFEITO EM QUEM JÁ TEVE COVID


Paralelamente, outros dois estudos publicados na segunda -também ainda não revisados por pares-, feitos por universidades americanas, indicaram resultados positivos na administração de uma dose única de vacinas mRNA (como as da Pfizer e da Moderna) para os que já foram infectados com Sars-Cov-2.

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De acordo com os artigos, 14 dias após uma única dose da vacina, as pessoas que já haviam sido infectadas pelo coronavírus mostraram concentrações de anticorpos até dez vezes maior que pessoas não infectadas que tomaram duas doses. "Os dados indicam que as vacinas aumentam de forma muito eficaz a imunidade induzida pela infecção", afirmou a imunologista Eleanor Riley, da Universidade de Edimburgo.


Segundo ela, embora os dois artigos sugiram que quem já teve Covid-19 pode precisar de apenas uma dose da vacina, "incorporar isso a um programa de vacinação em massa pode ser logisticamente complexo, e pode ser mais seguro, em geral, garantir que todos recebam duas doses".


De acordo com o virologista Lawrence Young, da Universidade de Warwick, se novos trabalhos confirmarem que uma dose única é suficiente para proteger quem já foi infectado, essa pode ser uma opção no futuro se houver carência de imunizantes.

Young e Riley chamaram a atenção para o fato de que os trabalhos mostram efeitos colaterais maiores em quem já foi infectado. A informação, segundo eles, pode ajudar profissionais de saúde a orientar as pessoas que estão sendo vacinadas.


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