Acidente Vascular Cerebral cresceu em maior intensidade entre mulheres a partir de 2010. Saiba quais as causas e como prevenir a doença
Números da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revelam que o número de mortes em decorrência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) cresceu em maior intensidade entre mulheres no período de 2010 a 2015.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os AVCs são já há algum tempo os principais responsáveis por gerar incapacidade em populações em todo o mundo. Má alimentação, sedentarismo, obesidade ou sobrepeso, diabetes, hipertensão, alcoolismo e tabagismo estão entre as principais causas do problema. No Outubro Rosa, mês em que também se destaca o combate ao AVC – 29 de outubro é o Dia Mundial do AVC – , entender as causas do problema, sobretudo em mulheres, e como agir de modo preventivo é mais do que necessário.
Mas por que a doença parece então preferir mulheres, ou se mostra mais presente entre elas? Uma das respostas pode estar no ciclo hormonal, informa Kristel Back Merida, neurologista. "Na mulher jovem, o risco de AVC pode estar aumentado pela presença de alguns hormônios que facilitam a coagulação do sangue. Se associado a outros fatores ou doenças pré-existentes, este risco pode aumentar ainda mais na gestação e no puerpério, que é a fase após dar a luz em que os hormônios voltam a se estabilizar”, explica. "Mulheres também tem maior prevalência em doenças auto-imunes, que também estão associadas a um maior risco de doença cerebro-vascular”, acrescenta.
O AVC isquêmico tem como causa a obstrução de um ou mais vasos sanguíneos. A interrupção no transporte do sangue e de nutrientes até o cérebro provocam a falta de oxigênio no órgão, o que provoca a isquemia. Já o AVC hemorrágico é quando há o rompimento de vasos sanguíneos dentro do cérebro. Neste caso, o risco de morte é maior.
Uma boa notícia é que uma pesquisa de 2019 realizada pelo Ministério da Saúde revelou que, nos cinco anos anterior, houve queda de 11% na taxa de mortalidade por AVC entre mulheres de 30 a 69 anos. Entre as observações feitas pelos pesquisadores, o resultado sinaliza que as campanhas de prevenção do AVC podem surtir efeito positivo.
Carga hormonal e obesidade
"A mulher no período fértil possui grande carga hormonal, e isso pode ser um fator de risco para algumas doenças cérebro-vasculares”, prossegue a doutora Kristel, "sobretudo nas mulheres fumantes, obesas e que usam contraceptivo hormonal”, informa. Nessa lista estão também as que fazem terapia de reposição hormonal ou as que têm enxaqueca com aura (com sintomas que "anunciam” a enxaqueca, que podem ser alterações na visão ou movimentos musculares).
A diabetes e a hipertensão também são fatores de risco para o AVC. "A hiperglicemia pode danificar vasos, nervos e órgãos”, explica Jacy Alves, endocrinologista. A doutora lembra que, segundo a American Heart Association, 16% dos adultos com mais de 65 anos que são diabéticos morrem de AVC e 68% morrem de alguma doença cardiovascular.O diabetes, a obesidade, a pressão alta, uma dieta não saudável e o tabagismo são os principais fatores de risco controláveis para doenças cardiovasculares.
Entre as ações preventivas para evitar o AVC estão exercícios regulares de, no mínimo, 150 minutos por semana, dieta saudável e balanceada, consumo moderado de bebida alcoólica, tratamento da pressão alta, peso saudável e ausência total do consumo de cigarro.
Hipertensão intracraniana idiopática
Outra doença que é mais comum entre mulheres e está relacionada à obesidade é a hipertensão intracraniana idiopática. A incidência é de uma a cada 100 mil mulheres com peso normal e de 20 para cada 100 mil entre mulheres obesas. "É uma condição que ocorre quando a pressão dentro do crânio aumenta sem motivo aparente. Também é mais comum em mulheres obesas na idade fértil”, destaca a doutora Jacy.
Os sintomas se assemelham ao de um tumor no cérebro, embora não existaum tumor na região. Pode incluir dor atrás dos olhos, zumbidos nos ouvidos, episódios breves de cegueira. A doutora lembra que,primeiramente, tenta-se o tratamento clínico, com uso de medicamentos que possam reduzir a produção de fluido espinhal. Mas alguns casos podem necessitar de cirurgia para a redução da pressão.
"A doença está frequentemente associada ao sobrepeso, e a causa não é conhecida. Mas podemos controlar a evolução do problema a partir da mudança de hábito para reduzir o sobrepeso”, acrescenta. E aí, atividade física regular, mudança na alimentação são duas armas poderosas para os cuidados de quem sofre da doença. Por estar ligada à obesidade, muitas vezes, existe a necessidade de um tratamento específico para a perda
do peso em excesso.
INC Contra o AVC
Nos dias 29 e 30 de outubro, a ambulância estará circulando em alguns parques de Curitiba para realizar um trabalho de conscientização sobre o AVC. Médicos e enfermeiros estarão participando dessa ação itinerante esclarecendo as dúvidas de prevenção e fatores de riscos da doença. Nas páginas oficiai, a ação ganhará reforço com uma série de vídeos que abordam temas referentes ao AVC.