Dormir bem faz bem à saúde. E para alertar as pessoas de que a privação do sono, provocada por vários problemas, interfere na qualidade de vida, a OMS – Organização Mundial da Saúde instituiu um dia no ano como o Dia Mundial do Sono. Em 2016, a data será lembrada pela Associação Brasileira de Odontologia do Sono com várias atividades realizadas durante a Semana do Sono (14 a 19 de março), em todo ao país.
De acordo com a ortodontista Renata Feres, a iniciativa é importante para ampliar o conhecimento da população sobre o assunto e, mais relevante ainda, possibilitar a redução do número de adultos e crianças que sofrem com os distúrbios do sono.
A ortodontista esclarece que atualmente os distúrbios de sono nos adultos são um caso grave de saúde pública, porque provocam outras doenças associadas. "No adulto o tratamento de ronco e apneias, por exemplo, é possível, e existem várias opções, porém, a maioria deles não cura. Ou seja, o paciente será dependente de um aparelho ao longo da vida", coloca Renata Feres. A especialista adverte de que a melhor maneira de evitar o problema são a prevenção e a detecção dos distúrbios do sono ainda na infância.
Caso a criança apresente distúrbios enquanto dorme, e se os problemas forem causados por obstrução das vias aéreas ou alterações craniofaciais, a recomendação aos pais é buscar o tratamento multidiscilplinar com otorrinolaringologista e ortodontista. Renata explica que as crianças que apresentam apneia obstrutiva do sono e ronco frequentes, normalmente têm o céu da boca estreito e profundo, mandíbula pequena, posição de língua baixa e respiram pela boca. Observa ainda que este quadro pode ser melhorado com o uso de determinados aparelhos, que terão como objetivo ampliar as estruturas da boca melhorando a passagem de ar.
Segundo a especialista, pesquisas recentes comprovam que a associação entre tratamento ortodôntico e cirurgias otorrinolaringológicas reduz drasticamente os distúrbios de sono na infância, permitindo que a criança cresça e se desenvolva melhor. "Suas funções como mastigação, deglutição e respiração serão mais eficientes e, como conseqüência, a qualidade de vida melhora muito", assegura Renata Feres. Ela reforça a importância da prevenção, informando que a incidência de ronco em crianças na população em idade pré- escolar é de 6% a 9%, porém quando o levantamento é feito apenas em crianças respiradoras bucais o índice aumenta para 42%.
Apesar de ainda ser muito recente a interrelação da ortodontia com os distúrbios do sono, Renata coloca que centros de pesquisa especializados citam o ortodontista como peça-chave na resolução deste problema, pois o tratamento ortodôntico corrige as alterações nas bases ósseas, na posição dos dentes e na mordida. "Os aparelhos podem ser fixos ou removíveis, dependendo da avaliação clínica, da idade e do grau de maturidade da criança", descreve.
"Quando pensamos em ortodontia, muitas vezes, nos lembramos apenas dos bráquetes e dentes tortos", afirma Renata. Porém, a especialidade vai além disso: "Melhora a posição dos dentes, é claro, mas seu lado funcional e o desenvolvimento adequado das estruturas esqueléticas é essencial", acentua.