Taxas mais elevadas de artrite e de obesidade ajudam a explicar porque as mulheres são mais propensas que os homens a apresentarem incapacidades à medida em que envelhecem, defende um novo estudo da Divisão de Geriatria da Duke University Medical Center, em Durham, EUA, publicado no Journal of Gerontology: Medical Sciences.
Segundo Heather E. Whitson, autor do estudo, "as conclusões do estudo trazem um importante alerta para as mulheres mais jovens e de meia-idade: os quilos extras que se acumulam durante o parto e o climatério estão associados a maiores taxas de incapacidade na velhice", diz o médico.
Para realizar o estudo, Whitson e sua equipe analisaram as taxas de incapacidade em 5.888 homens e mulheres com mais de 65 anos que vivem em quatro comunidades: Califórnia, Pensilvânia, Carolina do Norte e Maryland.
De acordo com os pesquisadores, o estudo não visava aferir se pessoas com 70 anos ou mais poderiam correr maratonas ou jogar tênis. A intenção era verificar o nível de comprometimento destas pessoas ao realizarem atividades básicas do dia-a-dia, tais como andar dentro de casa, sair da cama, tomar banho, vestir-se.
E eles descobriram que as mulheres apresentavam um risco 83% maior de se tornarem deficientes ou incapazes de realizar estas ações quando comparadas com os homens. Cerca de um terço deste grupo com risco mais elevado tinha artrite, e neste grupo: 57% eram mulheres e 44% homens.
O estudo não investigou porque as mulheres têm mais artrite do que os homens, mas aferiu que a obesidade é um importante fator de risco para a artrite. Entre os pesquisados, a obesidade mórbida foi cerca de quatro vezes mais comum entre as mulheres, além de 8% das mulheres serem obesas em comparação a 2% dos homens.
Além da artrite, as mulheres com problemas de audição, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva e acidente vascular cerebral mostraram-se mais propensas a sofrer com incapacidades, quando comparadas com homens nas mesmas condições.
"A artrite tem um efeito de ‘golpe duplo’ sobre a disparidade nas taxas de incapacidade entre homens e mulheres. As mulheres, além de mais propensas a sofrer de artrite, são mais afetadas pela incapacidade provocada pela doença do que os homens", observa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, que dirige o Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares.
Apostas firmes na prevenção
Embora os resultados do estudo possam soar sombrios para as mulheres, "é muito importante destacar que a incapacidade não tem que ser uma parte inevitável do envelhecimento. As mulheres podem prevenir-se contra as incapacidades e contra o mau prognóstico da artrite mantendo-se fisicamente ativas", alerta o reumatologista.
O médico explica que, em relação às nossas articulações, os exercícios de resistência não são o foco principal. É muito mais importante apostar em exercícios de flexibilidade e equilíbrio, que podem auxiliar na prevenção do aparecimento da artrose nos joelhos e quadris. "E se o paciente tiver uma pré-disposição genética para a doença, os exercícios podem contribuir para uma progressão mais lenta da moléstia", observa o diretor do Iredo.
E junto à prática de exercícios regulares, o médico destaca que é preciso ser vigilante quanto ao próprio peso. "Conforme envelhecemos, nosso peso ideal vai diminuindo também, mesmo que o peso real das pessoas tenda a subir. O peso é crucial para a prevenção das incapacidades na terceira idade. Por exemplo, se você tem um pouco de dor no joelho e perde um pouco de peso, com certeza, sua dor diminuirá, facilitando a sua locomoção, agora, ou na terceira idade", diz o reumatologista (com MW- Consultoria de Comunicação).