Dos 350 mil médicos brasileiros, cerca de 15 mil são homeopatas, segundo estimativa da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB). Embora o mercado tenha se expandido com a inclusão da homeopatia no SUS, o interesse pela especialidade tem caído nas faculdades de Medicina.
Segundo o presidente da AMHB, Carlos Fiorot, o problema que afeta a homeopatia é o mesmo de outras áreas que dependem fundamentalmente da prática clínica: a má remuneração das consultas. "Os estudantes acabam preferindo áreas em que podem ganhar com procedimentos, como cirurgia e dermatologia", afirma. Outro obstáculo para a formação de profissionais qualificados é o pequenos número de cursos no País. Poucas são as universidades que oferecem a disciplina de homeopatia na graduação e apenas a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro possui curso de residência na área.
O desconhecimento e o preconceito existente na comunidade científica, afirma Marcus Zulian Teixeira, impede o avanço de pesquisas sobre o tema. "Existem artigos de boa qualidade, mas são poucos. Não temos a indústria farmacêutica para subsidiar a pesquisa nem a mesma facilidade para conseguir financiamento com os órgãos de fomento", diz.
Além disso, continua, não é possível fazer estudos com medicamentos homeopáticos nos mesmos moldes da alopatia. "Um dos pilares da homeopatia é a individualização do tratamento e do paciente. Não posso dar o mesmo princípio homeopático para um grande número de pessoas e esperar que vá funcionar da mesma maneira e comparar com um grupo de controle", explica.
Mas para céticos como Drauzio Varella, até para ser usada como terapia complementar a homeopatia precisa de mais evidências. "Na medicina moderna não cabem mais dogmas que não conseguem ser provados na prática."