Pacientes que venceram o câncer, mas não receberam aconselhamento médico apropriado sobre as opções terapêuticas para preservar sua fertilidade, antes de iniciar seu tratamento oncológico, geralmente, tendem a lamentar tal fato, a longo prazo, e a apresentar uma insatisfação maior com a vida, em comparação com aquelas que receberam o aconselhamento sobre a preservação da fertilidade. Os dados fazem parte de uma pesquisa apresentada por pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Francisco, durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
Para realizar o trabalho, os cientistas entrevistaram 918 pacientes do sexo feminino em tratamento de câncer com potencial de afetar adversamente sua fertilidade, como a quimioterapia sistêmica e / ou radiação no abdômen ou na pélvis. Aquelas que não foram orientadas sobre a preservação da fertilidade pela equipe de Oncologia e não consultaram um especialista em fertilidade apresentaram níveis mais elevados de tristeza e de baixa satisfação com a vida em relação àquelas que receberam o aconselhamento ou o encaminhamento.
A pesquisa envolveu mulheres que tiveram câncer, no estado da Califórnia, com idades entre 18 e 40 anos, diagnosticadas entre 1993 e 2007. As pacientes haviam sido tratadas para leucemia, doença de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin, câncer de mama e câncer gastrointestinal.
Após o término do tratamento oncológico, as mulheres eram convidadas a avaliar o aconselhamento pré-câncer que receberam, incluindo as decisões tomadas em relação à preservação de sua fertilidade. Entre as 499 mulheres que tinham sido aconselhadas sobre a preservação da fertilidade por uma equipe de Oncologia, o nível de arrependimento, em uma escala de 5 a 25, foi de 10,8%, comparado com 12,6%, entre as 278 mulheres que não haviam sido aconselhadas sobre o tema.
As 42 mulheres que tinham visitado uma instalação de preservação da fertilidade tinham um nível de pesar de 8,5%, comparado com um nível de 11,6%, entre as 726 que não tinham feito a visita.
As 31 mulheres que foram submetidas a tratamentos para preservação da fertilidade tinham um nível de arrependimento em relação à decisão de 6,5%, comparado com 11,6%, entre as 736 que não tinham se submetido aos procedimentos.
"Os dados desta pesquisa americana são muito relevantes, pois os resultados indicam que se as pacientes têm um papel ativo na decisão de preservar sua fertilidade e sua qualidade de vida, após o tratamento de câncer. Quando as pacientes podem optar por preservarem sua fertilidade, sua qualidade de vida pós-câncer é maior e os níveis de arrependimento são menores ", observa o Prof° Dr° Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA (com MW-Consultoria de Comunicação).