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Menino vence pavor de comer após tratamento com natação

07 jan 2013 às 11:05

Kevin Harrison viveu os piores dias de sua vida ao ver seu filho Daniel definhando, com pavor de alimentos e bebidas. Acredita-se que Daniel, hoje com seis anos, tenha desenvolvido a incomum fobia por sofrer de refluxo gástrico, que lhe causava dor no peito e náuseas.

Quando era bebê, a ingestão de leite materno neutralizava a acidez no esôfago, mas o problema se tornou sério quando ele começou a ingerir alimentos sólidos. "Por uma semana, mais ou menos, ele comeu purê e um pouco de arroz. Mas depois que ele começou a vomitar, o tempo todo se recusava a comer ou beber", disse Kevin Harrison.


Ele acredita que o filho, que também sofre de autismo, provavelmente tinha consciência de que beber e comer estavam fazendo mal para ele, mas não conseguia explicar isso para os pais. Daniel então ficava histérico e feria a si mesmo.


A solução encontrada foi começar a alimentá-lo por tubos inseridos no estômago.


Interesse da TV


Mas a situação de Daniel começou a melhorar há dois anos, depois que a família do garoto cerca de 25 mil libras (aproximadamente R$ 75 mil) foram arrecadados pela para que ele pudesse fazer um tratamento em uma clínica especializada na cidade de Graz, no sudeste da Áustria.


Depois de uma primeira passagem pela clínica, Daniel passou a tolerar alimentação líquida via oral. Só isso já foi considerada uma grande evolução, e Kevin Harrison quis que seu filho voltasse à Áustria para continuar.


O tratamento, desenvolvido com o objetivo de incentivar Daniel a aceitar líquidos e alimentos sólidos, é uma mistura de fisioterapia, terapia ocupacional, piqueniques de brincadeira e natação – para que o menino se acostume com água no rosto e na boca.


Um único erro poderia colocar por água abaixo todo o tratamento e levar tudo à estaca zero.


O sistema público de saúde britânico aceitou pagar seis mil libras (cerca de R$ 18 mil) pela continuidade do tratamento. Sua família, porém, ficou encarregada de pagar os voos e a hospedagem.


Colheres


No primeiro dia de volta a Graz, no passado 13 de agosto, a família Harrison foi filmada por uma equipe de televisão alemã, tal o interesse internacional pela história de Daniel.


Os médicos já haviam percebido que o menino não tinha apenas medo de comida, mas também de colheres. Contudo, na frente das câmeras de TV, ocorreu um pequeno "milagre".


A terapeuta de Daniel, Eva Kirschnick, ficou fazendo cócegas no menino com uma colher. "Ela então começou a alimentar ele com leite misturado com mingau de arroz, e ele comeu um pouco", contou Kevin Harrison.


"Depois, ela ofereceu a Daniel um pirulito de chocolate, e ele mordeu e arrancou um pedaço. Em quase seis anos de vida, essa foi a primeira vez que ele mordeu alguma coisa."


"Nós não conseguimos acreditar no que estávamos vendo, não havia mais gritos, ele machucando a si mesmo, fazendo escândalo. Nós choramos de emoção."


Kirschnick, descrita como um "gênio" por Kevin Harrison, virou madrinha de Daniel e até visitou a família, que vive na cidade de Nottingham, na Inglaterra.


Daniel continua evoluindo e agora come comidas pastosas com pedaços sólidos e bebe líquidos com uma xícara.

"Eu quero conscientizar as pessoas e ajudar as famílias na mesma situação", disse Kevin Harrison. "Nós não tínhamos ninguém e nos sentíamos sozinhos, já que o problema (de Daniel) é raro. Mas as coisas estão melhores agora."


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