Apesar de já existirem estudos para a elaboração de uma vacina contra o coronavírus em andamento nos Estados Unidos e na China, a forma mais eficaz de conter o avanço da pandemia, por enquanto, está nas medidas de prevenção. No Brasil, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) também estão trabalhando para o desenvolvimento de vacina para o SARS-CoV-2. No entanto, até que ela seja disponibilizada para a população, pode levar meses.
O alerta é da professora Ligia Carla Faccin Galhardi, coordenadora do Laboratório de Virologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina): "Alguns medicamentos também foram testados em pacientes infectados na China, porém, apenas de forma experimental. No entanto, até o momento, as medidas de prevenção recomendadas são as únicas formas disponíveis para conter a infecção".
Conforme a professora e pesquisadora, os vírus são agentes intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam da maquinaria celular para a sua replicação. No caso dos vírus respiratórios - como o coronavírus - a porta de entrada principal no hospedeiro são as mucosas da cavidade oral, onde se multiplicam e são excretados, podendo ser transmitidos a novos hospedeiros pelo contato com essas secreções. "Dessa forma, a transmissão respiratória é uma forma muito eficiente na disseminação dos vírus e, por isso, é importante seguir as recomendações como lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações", salienta.
Galhardi lembra que as pessoas convivem com vírus o tempo todo, mas que alguns agentes têm potencial para causar infecção em massa, o que pode acontecer por diversos fatores. "Alguns vírus podem sofrer mutações genéticas durante a replicação nas células do hospedeiro, o que leva ao surgimento de novas variedades virais ou até mesmo de novos vírus. Como as pessoas nunca entraram em contato com estes vírus, estão mais suscetíveis à infecção". Um exemplo clássico é o vírus Influenza, que causa a gripe. As mutações são bastante frequentes e isso gera a necessidade da produção de novas vacinas.
O material mais adequado para destruir os vírus, de forma geral, são detergentes, solventes e exposição ao calor e à radiação, como explica a professora. O que pode variar, de um vírus para o outro, é o tempo necessário para que ele seja inativado. Por isso, Galhardi lembra que lavar as mãos com água e sabão ainda é a maneira mais eficaz na eliminação dos vírus, incluindo o coronavírus. Na falta de sabão, pode-se utilizar o álcool 70%.
A pesquisadora enfatiza que a população precisa seguir as regras recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar a disseminação viral. Entre as medidas estão: lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool 70%; cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ou com o cotovelo flexionado ao tossir ou espirrar; se cobrir com as mãos, lave-as imediatamente para não contaminar objetos ou pessoas; o lenço também deve ser descartado imediatamente em uma lixeira; evite tocar nos olhos, nariz e boca e evite locais aglomerados.