Os médicos de todo o Brasil vão suspender o atendimento de planos de saúde durante quinze dias a partir de 10 de outubro. Os profissionais afirmam que as operadoras não reajustam os honorários há muito tempo e reclamam da falta de negociação.
A proposta foi aprovada por representantes da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB).
No Paraná, a Comissão Estadual de Defesa Profissional chegou a acordos apenas com as operadoras da Copel e da Sanepar, que corrigiram o valor dos honorários. A Unimed não está incluída na paralisação, pois terá sua discussão realizada de acordo com a Lei das Cooperativas.
Segundo o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Gonçalves Baracho, a imensa maioria dos planos que compõem a saúde complementar não chegou a um acordo possível de reajuste ou mesmo nem procurou fazer a negociação.
"De 2004 para cá, os planos praticaram até 132% de reajuste para os usuários, e apenas 40 a 45% no valor da consulta para os médicos, que hoje gira em torno de R$42. Alguns planos ainda realizam o pagamento pela tabela da AMB (Associação Médica Brasileira) de 1992, que há muito tempo não usamos mais como referencial", explica.
Os profissionais pedem que os reajustes sejam definidos pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), uma lista hierarquizada de procedimentos que contempla todas as especialidades médicas. A CBHPM foi lançada em 2003 e sua versão mais atual é de 2010.
Consultas - De 10 a 25 de outubro, os pacientes que procurarem os médicos credenciados deverão pagar pelo atendimento e depois pedir o reembolso dos planos de saúde. De acordo com a AMP, o valor sugerido para os procedimentos eletivos é de R$ 100. Já os atendimentos de urgências e emergências devem funcionar normalmente.
"Vamos fazer as consultas daqueles usuários que procurarem os médicos credenciados nos moldes normais. Depois, o paciente recebe o recibo e procura o plano pra receber o ressarcimento. Mas os usuários que se sentirem penalizados ou não forem reembolsados podem recorrer ao Procon ou à ANS (Agência Nacional de Saúde) ", afirma o presidente da associação.
Após esse período, a classe médica se reunirá novamente e, caso não obtenha sucesso nas negociações, avaliará individualmente a decisão de cada profissional para tomar as medidas que julgar cabíveis. (Atualizada às 13h)