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Medicamento injetável para diabetes tipo 2 ajuda na perda de peso, mostra estudo

Phillippe Watanabe - Folhapress
18 fev 2021 às 08:20

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- Pixabay
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Uma droga injetável já disponível para diabetes tipo 2 chamada semaglutida tem efeito significativo na redução de peso quando combinada a mudanças de estilo de vida, mostrou um estudo publicado na última semana na revista científica The New England Journal of Medicine.

Participaram da pesquisa 1.961 adultos com IMC (Índice de Massa Corporal) igual a 30 ou maior, o que significa obesidade, e pessoas que tinham IMC igual a 27 ou maior (ou seja, dentro da faixa de sobrepeso) e uma doença associada ao excesso de peso. Os participantes não tinham diabetes. O IMC é calculado pelo cálculo do peso dividido pela altura elevada ao quadrado.
O estudo era duplo cego (ou seja, pacientes e médicos não sabiam o que estavam tomando ou aplicando), randomizado (com participantes divididos em grupos de forma aleatória, para reduzir a chance de viés no resultado) e com grupo controle (parcela de pacientes que recebe placebo, para comparação).

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Até a semana 68 de acompanhamento, os 1.306 pacientes que receberam uma dose semanal de 2,4 mg de semaglutida, em média, perderam cerca de 15% de peso, enquanto os do grupo placebo, com 655 participantes, tiveram perda de cerca de 2,5%.

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Em quilos, isso significou que as pessoas que tomaram semaglutida perderam, em média, pouco mais de 15 kg contra 2,6 kg do grupo controle.

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Segundo a pesquisa, 612 (50,5%) pacientes no grupo que recebeu a droga tiveram redução de peso igual ou maior a 15% e 388 (32%) conseguiram uma redução de peso superior a 20%.


E o benefício não parou somente no peso. Os pesquisadores também observaram a diminuição da circunferência da cintura, no IMC e uma melhora cardiovascular.

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Nas primeiras quatro semanas, a dose da droga era de 0,25 mg semanais, com aumento posterior a cada mês até atingir, na semana 16, a dose de 2,4 mg, mantida no restante do estudo.


Além da droga, os pacientes também passaram por sessões de aconselhamento a cada quatro semanas para auxílio na aderência à redução no consumo calórico e ao aumento de atividade física –eles eram incentivados a fazer exercícios por 150 minutos por semana.

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A semaglutida pertence a uma classe de drogas já conhecidas conhecida como análoga de GLP-1 (peptídeo semelhante a glucagon-1). Trata-se de um hormônio que age no retardamento do esvaziamento gástrico e no sistema nervoso central, provocando diminuição da fome.


"Se tem menos fome, fica mais fácil de controlar a alimentação em termos de quantidade e qualidade", diz Maria Edna de Melo, presidente do departamento de obesidade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

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Ela afirma que uma droga da mesma classe, a liraglutida, já é usada atualmente para tratar obesidade, mas com uso injetável diário. Quando surgiu, a liraglutida causou corrida às farmácias, escassez da droga para diabéticos e reações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que se disse contra o uso do remédio para diabetes para fins de emagrecimento.
Com o estudo recente, porém, a semaglutida se apresenta como a droga mais eficaz na redução de peso. A partir de agora, diz Melo, ela deve começar a ter uso off-label (fora da bula) para obesidade.


Segundo Melo, a redução observada já se aproxima de resultados obtidos por meio de cirurgias, como a perda média de 15% de peso em pacientes que utilizam balão intragástrico. Cirurgias bariátricas podem resultar, em média, em 30% de perda de peso, segundo Melo.

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Mesmo com resultados positivos e promissores para a droga, a especialista destaca que não existe uma solução mágica para enfrentar a obesidade, que é uma doença crônica. É necessário, por exemplo, trabalhar com um nutricionista para, junto ao efeito do medicmento, melhorar a alimentação do paciente.


"O remédio é uma ferramenta a mais. Não é que seja a ferramenta", diz Melo. "O tratamento nunca vai ser uma bala de prata. Precisa ser um conjunto de ações para melhorar a qualidade de vida, melhorando alimentação e com exercício físico."
Além de não ser a solução definitiva, há outra ressalva importante: o preço. A dose de 1 mg (algumas vezes inferior à usada na pesquisa) chega a custar cerca de R$ 800.


O estudo também observou que náusea e diarreia foram os eventos adversos mais comuns, mas passageiros e de leve a moderado, no grupo que tomou a droga.

A especialista ressalta a importância da individualização do tratamento. Deve-se observar que, se, depois de três meses de tratamento não houver redução de pelo menos 5% de peso (no estudo, isso ocorreu em mais de 86% dos participantes que tomaram a semaglutida), não se deve continuar usando o medicamento, diz ela.


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