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Linfoma mata cada vez mais no Brasil

08 out 2011 às 12:21

Sete em cada dez brasileiros com linfoma só descobrem a doença três meses após as primeiras manifestações dos sintomas, segundo dados da Associação Brasileira de Linfomas e Leucemia (Abrale). O diagnóstico tardio, aliado à falta de informação dos pacientes sobre a doença, é uma das principais preocupações dos especialistas. "O linfoma não é uma doença tão estigmatizante, graças aos tratamentos existentes e à possibilidade de cura. A desmistificação do diagnóstico e o maior acesso às informações permitem participação mais ativa dos pacientes nas decisões clínicas e nas estratégias do tratamento", garante o patologista clínico, especialista em líquor, Carlos Senne, diretor-presidente do Senne Líquor Diagnóstico.

Fundamental para o diagnóstico preciso do linfoma, o exame do líquor (líquido cefalorraqueano – LCR) é indicado nos casos de suspeita de comprometimento neoplásico do sistema nervoso central (SNC) e espaço subaracnóide (região que abriga o líquor e é via direta de comunicação entre a medula e o encéfalo). Nos casos já infiltrados, o exame de líquor torna-se imprescindível para acompanhar a resposta ao tratamento quimioterápico, observando a diminuição da porcentagem de células cancerígenas na região.


"Quando há infiltração nestes locais, a quimioterapia intratecal, que consiste em injetar quimioterápicos no liquor através da punção lombar, é um dos métodos mais eficazes para combater a doença", explica Senne. Os tipos de câncer que podem acometer direta ou indiretamente o SNC são leucemias, linfomas e metástases de tumores sólidos como mama, pulmão, próstata, pele e sistema digestivo.


O especialista explica que a quimioterapia intratecal é importante porque o espaço subaracnóide está isolado do restante do organismo, o que impede que a medicação sistêmica (por via oral, intramuscular ou endovenosa) chegue até o SNC. "Há uma barreira entre o sangue e líquor / sangue e cérebro chamada barreira hematoliquórica / hematoencefálica, que impede a passagem livre de substâncias. Por esta razão, quando há infiltração tumoral no sistema nervoso central há necessidade de complementar o tratamento sistêmico com quimioterapia intratecal".


O tempo de tratamento do linfoma depende de diversos fatores, tais como tipo de células envolvidas, agressividade da doença, infiltração medular (medula óssea) e infiltração do sistema nervoso central. A quimioterapia intratecal pode ser realizada como parte do tratamento da infiltração do SNC ou de maneira profilática, agindo de forma preventiva a infiltração nos casos de linfomas mais agressivos, variando de quatro a seis ciclos, um por semana.


Sobre a doença


O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que até o fim deste ano mais de 12 mil novos casos de linfomas sejam diagnosticados no País. A doença, de causas e fatores pouco definidos, afeta as células do sistema linfático e tem altos índices de cura se descoberta precocemente. No Brasil, os linfomas se destacaram por ter acometido famosos, como a presidente Dilma Rousseff, a autora Glória Perez e o ator Reynaldo Gianecchini.


Esse tipo de câncer se divide em dois grupos: Hodgkin e não-Hodgkin. Apresenta alterações como anemia, queda de plaquetas, além do aumento dos gânglios, da axila, pescoço e virilha. O doente também pode ter coceira, cansaço, febre, suor noturno e perda de peso.

O linfoma de Hodgkin tem baixa incidência na infância, com pico aos 20 anos, estabilidade na meia-idade e aumento progressivo a partir dos 55 anos. A boa notícia é que devido aos avanços da medicina, a mortalidade foi reduzida em mais de 60%, desde o início dos anos 70. Já nos não-Hodgkin, a incidência aumenta após os 30 anos, e o acometimento de crianças também não é raro. De acordo com o Inca, por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos (com Sigmapress).


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