"Resgatado" em uma viatura do Corpo de Bombeiros e vestido com a réplica do uniforme da corporação, o menino João Daniel de Barros, de seis anos, que ficou conhecido como o "Bombeirinho de Maringá", teve alta no início da tarde desta segunda-feira (12), em Curitiba. O garoto deixou o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) 19 dias depois de ser submetido a um transplante de medula óssea.
Bastante emocionada, a mãe de João, Ana Paula Stevam, agradeceu a equipe médica e pediu que as pessoas continuem doando medula. "Espero que nenhuma mãe precise sofrer tanto, nem esperar cinco anos como eu esperei", afirmou. "Doem medula", completou o "Bombeirinho", ao deixar o quarto do hospital.
A hematologista pediatra Gisele Loth contou que, nos próximos 100 dias, João passará ainda por um acompanhamento diário no hospital. "Esse é o período mais crítico e, por isso, ele precisará vir aqui. Mas aconteceram poucas intercorrências desde o procedimento e a recuperação tem até surpreendido os médicos". A princípio, a expectativa era que a alta ocorresse 30 dias após a realização do transplante.
A médica lembrou que somente depois de um ou dois meses, no entanto, será possível afirmar que a medula efetivamente "pegou". A taxa de combatibilidade do doador, natural dos Estados Unidos, é de 90%. "Já em cura nós só poderemos falar mesmo daqui a cinco anos. Ainda assim, ele precisará de acompanhamento clínico a vida toda", explicou.
Aniversário - No próximo dia 23, João completará sete anos, sendo cinco deles de luta contra a leucemia. O pai do "Bombeirinho", Nelson de Oliveira Ferraz, disse que, a partir de agora, o garoto terá dois aniversários. "Além do dia 23, vamos sempre lembrar também do dia 24 de outubro, que foi quando ele recebeu a medula", contou.
Em 2010, o Corpo de Bombeiros de Maringá realizou um dos sonhos do menino: ser um bombeiro. Foi quando, pela primeira vez, João vestiu a réplica do uniforme da corporação, para ser resgatado de um quarto de hospital.
Dois anos depois, o fato se repetiu, na saída do HC. "Sei que o tratamento continua, mas depois de cinco anos e 17 cirurgias, agora posso dizer que a primeira etapa da batalha foi cumprida. O pior já passou", afirmou Ferraz.
Doações – Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos que não tenha doença infecciosa pode ser um doador. Para isso, basta procurar o banco de sangue da sua cidade, onde será coletada uma amostra de sangue. Caso haja compatibilidade com algum paciente, o doador é chamado para fazer os testes e realizar o procedimento.