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Implante intraocular tratará doenças que levam à cegueira

18 nov 2013 às 14:25

Implante intraocular desenvolvido com o apoio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP deve melhorar a visão de pacientes que apresentam edema de mácula, um inchaço na área central da retina decorrente de oclusão vascular.

O implante, resultado de dez anos de pesquisas, foi testado em dez pacientes que participaram de estudo clínico no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCFMRP). Os resultados mostraram que o medicamento age em doenças vasculares da retina que levam à redução da visão e, em casos mais avançados, à redução da cegueira. Agora, os pesquisadores seguem para a segunda parte da fase de estudos, cujo início está previsto para janeiro de 2014, quando poderão participar em torno de 50 pacientes.


A técnica foi desenvolvida pelo oftalmologista Rubens Siqueira, médico assistente do Serviço de Retina e Vítreo do HCFMRP, em parceria com os professores Rodrigo Jorge, do Setor de Oftalmologia FMRP, e Armando da Silva Cunha, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo Rodrigo Jorge, uma vez aprovado, o tratamento poderá beneficiar vários pacientes portadores de doenças da retina, como a retinopatia diabética, a uveíte (inflamação da úvea, formada pela íris, corpo ciliar e coroide), a degeneração macular e outras, as quais afetam principalmente a população mais idosa, entre 50 e 70 anos. Doenças que afetam cerca de 30 milhões de pessoas atualmente no Brasil.


O trabalho foi apresentado este ano durante Congresso Internacional da Sociedade Americana de Especialistas em Retina, em Toronto, no Canadá.


Sobre o implante


O implante tem aproximadamente o tamanho da ponta de um lápis e consiste na associação de um componente biodegradável (PLGA) associado a um medicamento, neste caso, a dexametasona. Este dispositivo, que é implantado dentro do olho, usa a tecnologia de liberação prolongada de medicamento, fazendo com que ele se dissolva dentro do olho por aproximadamente 6 meses, sem a necessidade de o paciente usar colírios ou medicamentos orais durante este período.


Além da uveíte e da retinopatia diabética, outras doenças podem ser tratadas por meio da utilização do implante: toxoplasmose ocular, degeneração macular relacionada à idade e retinite por citomegalovírus eendoftalmite.


Inicialmente destinado para o tratamento de doenças da retina, o implante poderá futuramente ser utilizado também no tratamento de doenças localizadas em outros órgãos e tecidos do corpo, podendo melhorar o tratamento e evitar efeitos adversos decorrentes da administração sistêmica de fármacos.


No Brasil, não há nada similar disponível no mercado. Nos Estados Unidos e Europa, um dispositivo semelhante, denominado OZURDEX, de alto valor financeiro, em torno de R$ 6.200,00, já é comercializado, mas a venda ainda não foi liberada no Brasil.


Apesar de ainda não haver previsão de custo do implante desenvolvido pela equipe brasileira, Rubens Siqueira acredita que a grande vantagem em relação ao importado será o custo mais baixo e a maior facilidade de implantação no olho, pois foi desenvolvido com um diâmetro menor que o produto importado.

Também não há ainda previsão para início da comercialização, mas os testes clínicos em pacientes estão em fase avançada, o que constitui um pré-requisito para sua liberação.


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