O vírus A(H1N1), causador da gripe suína, replica-se com mais facilidade nas regiões próximas aos pulmões, podendo infectar o órgão, enquanto o da gripe sazonal costuma permanecer no início do trato respiratório, até a traqueia. Além disso, o novo vírus provoca quadros ligeiramente mais graves do que a influenza sazonal.
Essas conclusões estão entre os principais resultados de dois estudos, publicados nesta sexta-feira (3) na revista americana "Science", que comparam a evolução das gripes suína e sazonal. O trabalho foi desenvolvido com furões - pequenos mamíferos, que são considerados bons modelos para o estudo de doenças ligadas às vias respiratórias.
A influenza costuma afetá-los de modo semelhante aos humanos. As equipes responsáveis pelos dois estudos - uma dos Estados Unidos e outra da Holanda - infectaram animais com o A(H1N1) e com cepas responsáveis pela gripe sazonal.
O grupo americano dissecou os animais para verificar se outros órgãos eram afetados. Descobriram que o A(H1N1) também estava presente no intestino dos mamíferos, o que pode explicar a maior incidência de diarreia e náusea na gripe suína, sintomas presentes em 40% dos infectados no mundo.
Houve, no entanto, divergência entre os pesquisadores sobre a capacidade de transmissão dos microrganismos. Para os cientistas holandeses, o novo vírus é tão eficaz quanto as variantes sazonais. Já os americanos consideraram o A (H1N1) menos transmissível. Nos experimentos, furões gripados conviveram com outros saudáveis, compartilhando apenas o ar.
Segundo os pesquisadores, a menor transmissibilidade se explica por causa de uma proteína presente na superfície do novo vírus que liga-se de forma ineficiente às células do sistema respiratório, explica Ram Sasisekharan, coautor do artigo americano e pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT).