Pacientes que fazem tratamento contínuo sofrem com a falta de medicamentos na 17ª Regional de Saúde, instância da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) em Londrina. O problema afeta moradores da cidade e de outros municípios do Norte do Paraná que não podem interromper o uso por indicações médicas.
É o que confirma o relato de Yone Aparecida Mazocatto Rezende, mãe de um paciente portador
de necessidades especiais. Ao solicitar o remédio junto ao órgão nesta semana foi informada de que não havia estoque. "Meu filho toma três caixas por mês de Risperidona que, na rede particular custa cerca de R$ 60 a caixa. O valor não é alto, mas junto aos outros medicamentos que ele usa acaba pesando no orçamento", conta.
A indisponibilidade dos medicamentos é um problema recorrente, ainda conforme ela. "Não reclamo apenas por mim, mas por dezenas de pessoas que vão até a regional e descobrem que perderam a viagem e terão que voltar para casa de mãos vazias. Há moradores de outras cidades que acordam de madrugada, vêm a Londrina e são muito carentes", afirma.
Além disso, Yone afirma que o atendimento do órgão é ineficiente. "Os atendentes não informam a previsão de entrega. Eles pedem para ligar antes de ir até lá, mas não atendem ao telefone. Temos que conferir pessoalmente", diz.
Outra moradora de Londrina, que preferiu não ser identificada, contou que foi ao órgão nesta semana e se deparou com o mesmo problema. "Minha filha tem 11 anos e faz uso do acetato de leuprorrelina [remédio indicado para tratamento hormonal] a cada três meses. O medicamento é caríssimo, custa cerca de R$ 1 mil na farmácia", revela. "Sempre recorro à regional e não o obtive pela primeira vez. Minha filha precisa tomá-lo amanhã e estamos sem. A médica disse que podemos esperar até 10 dias. Após isso, o tratamento será interrompido", completa.
A mãe da garota disse também que já fez a reclamação junto à ouvidoria da regional, além do canal direto da Sesa. "Eles dizem que não têm estoque nem prazo de entrega", confirma.
A chefe da 17ª Regional de Saúde, Terezinha de Fátima Sanchez, explica que a compra é feita pelo Estado, em Curitiba, sendo Londrina responsável apenas pela distribuição. "Fornecemos medicamentos estratégicos, por indicações médicas ou ordens judiciais", detalha. "Tenho conhecimento do problema da falta de remédios, mas acredito que seja devido a falhas na logística. Muitas vezes, as entregas atrasam de sete a dez dias".
Como a unidade em Londrina atende vários municípios da região, Terezinha garante que o Estado tem criado estratégias de organização no intuito de descentralizar o serviço. "Nossas equipes têm viajado para algumas cidades e verificado as condições das farmácias em relação a estocagem, conservação e responsabilidade. O processo é muito complexo e técnico, não é fácil de resolver", justifica.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Paraná informou que o estoque é controlado pelo Centro de Medicamentos Básicos do Paraná (Cemepar) e que existem entregas programadas e outras que são feitas de acordo com a demanda da farmácia.
Ainda de acordo com o texto, o fornecimento de leuprorrelina 11,25 mg será regularizado até o final da próxima semana, enquanto o de risperidona 2 mg aguarda negociação entre a secretaria e o laboratório produtor. A intenção, segundo a pasta, é normalizar o estoque deste medicamento "o mais breve possível".