A Justiça determinou que o Governo do Estado do Paraná arque com os custos da energia elétrica usada no funcionamento dos aparelhos médicos essenciais ao tratamento de Isabelly Vitória, a pequena rolandense de um ano e 11 meses que sofre de imunodeficiência grave. No final de julho, uma liminar proibiu a Companhia Paranaense de Energia (Copel) de interromper o fornecimento na residência onde a menina mora com pais.
Segundo os autos, os pais de Isabelly se inscreveram em um programa de desconto para famílias que têm pacientes em tratamento contínuo na residência. Mesmo assim, a conta de luz ultrapassava o valor de R$ 600 mensais. "Mês passado paguei R$ 605. Este mês, veio R$ 585. Esse valor já vinha com desconto para baixa renda. Ela nem estava usando todos os equipamentos. Deixávamos o oxigênio desligado e a janela aberta para economizar", desabafa Wagner Roberto de Mello, pai da menina.
Mello diz que a situação financeira deve se descomplicar a partir de agora. "Vai aliviar muito. Ficamos felizes com a decisão. Tenho financiamento de casa, despesas pessoais e com a Isabelly. Eu estava desempregado e, agora, com um salário mínimo, fica impossível quitar uma conta desse tamanho", diz.
O juiz Renato Cruz de Oliveira Junior, da Vara da Infância e Juventude de Rolândia, concluiu que a limitação financeira dos genitores não deve impedir o tratamento da menina, "já que a saúde e o bem-estar devem prevalecer neste caso". Por isso, determinou que a Copel instale, no prazo de cinco dias úteis, um medidor individual para contabilizar o consumo elétrico dos aparelhos e lâmpadas instalados no quarto da menina. Se não cumprir a ordem, a companhia pode ser multada em R$ 5 mil por dia. A partir de então, o Governo será obrigado a custear os gastos, no prazo de 48 horas a contar do ato de recebimento da intimação. O descumprimento também será punido com multa diária de R$ 5 mil. Ambos têm prazos para contestá-la, mas devem antes, acatá-la.
Prestes a completar dois anos de vida, Isabelly está cada dia melhor. As expectativas da família são as melhores. "Tenho fé de que ela conseguirá ficar sem o oxigênio", diz o pai. A pequena rolandense recebeu alta do Hospital Infantil de Londrina no dia 29 de maio. Portadora de um doença genética grave, ela enfrentou diversas batalhas judiciais a fim de viabilizar o tratamento médico. Depois de ficar mais de um ano internada no Hospital das Clínicas (HC), em Curitiba, passou por cirurgia e ganhou um marca-passo diafragmático, avaliado em R$ 500 mil.