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Ebola: doença infectou uma em cada cinco crianças da África, diz Unicef

17 mar 2015 às 08:17

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou nesta terça-feira (17) que o vírus ebola infectou uma em cada cinco crianças desde o seu surgimento em 2014. A instituição pediu "uma ação urgente" visando a conter a epidemia.

Em relatório divulgado nessa terça-feira sobre o impacto da doença nos três países mais afetados da África Ocidental – Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa –, o Unicef diz que milhares de crianças foram infectadas, morreram ou ficaram órfãs em consequência do ebola.


"A taxa de mortalidade nas crianças com menos de 5 anos de idade é 80%, o que significa que uma em cada cinco crianças infectadas nessa faixa etária morreu. Para as crianças menores de 1 ano, as taxas de mortalidade estão acima de 95%", mostra o documento.


A agência da ONU estima em aproximadamente 10 mil o número de pessoas que morreram por causa da doença, desde janeiro de 2014, e afirma que o vírus continua a representar uma "ameaça à vida e ao futuro das crianças, das famílias e comunidades" nos três países africanos mais atingidos.


"Dos 24 milhões de pessoas contaminadas, 5 mil são crianças, sendo que dessas, 16 mil perderam um dos pais ou o principal protetor", acrescenta o documento.


No entanto, o número de casos semanais nos três países caiu para menos de 100 no fim de janeiro desde ano. Em setembro do ano passado foram registrados cerca de mil casos.


No último dia 11, a Libéria completou mais de duas semanas sem o registro da doença, mas neste mês voltaram a aparecer casos em Serra Leoa e na Guiné-Conacri, o que "demonstra a necessidade de constante vigilância e de se tomar providências urgentes", defende o fundo.


Para a organização, "o ebola tem provocado impacto devastador nas crianças da Guiné-Conacri, Libéria e de Serra Leoa. Para proteger as crianças e as comunidades é fundamental derrotar esse flagelo, enquanto se trabalha para restabelecer os serviços básicos", diz o Unicef, que estima que as crianças representam 20%" dos casos de infeção.


A coordenadora de Emergência Global do Unicef para o Ebola, Barbara Bentein, considerou que o surto não vai acabar até que cada contato for rastreado e monitorado.


"Não podemos nos dar ao luxo de ceder. Ao mesmo tempo, os serviços básicos precisam ser restabelecidos com segurança e responsabilidade", disse ela, citada em nota do Unicef enviada à Lusa.


"Para muitos dos 9 milhões de crianças que vivem em áreas afetadas, o ebola foi aterrorizante. Essas crianças têm visto a morte e o sofrimento além de sua compreensão, e têm visto pessoas em trajes assustadores a remover corpos", descreve o relatório.


O documento também mostra o papel que as comunidades desempenham na busca de respostas visando a eliminar a doença, ao indicar "tendências encorajadoras de comportamentos seguros.


Cita pesquisa feita na Libéria, que indica que 72% da população ouvida acreditam que qualquer pessoa com sintomas de ebola poderá melhorar se tiver atendimento em um centro de tratamento. "Isso é significativo, porque muitos preferiam manter as vítimas do ebola em casa, espalhando a infecção na comunidade".

Em consequência dessa alteração comportamental, a agência da ONU assegura que milhares de crianças já estão imunizadas contra outras doenças, como o sarampo, o que ajudou a reduzir o risco de infeções do ebola quando as escolas reabriram.


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