Durante o mês de abril do ano passado, no início da pandemia do novo coronavírus, um texto circulou pelas redes sociais destacando que "um fator importante para não contrair o vírus é beber água de 15 em 15 minutos”. Essa "informação" foi desmentida pelos médicos na época, mas ela voltou a aparecer nos famigerados grupos de família, dessa vez com uma arte mais elaborada, como se fosse um comunicado oficial.
O texto ainda diz que "ao molhar a garganta, se o vírus estiver ali, ele irá direto para o estômago e não há bactéria ou vírus que resista ao suco gástrico”. O falso comunicado termina com "se a garganta estiver seca, o vírus vai para o esôfago e, dali, para os pulmões, onde ocorre a dificuldade em respirar. E é o que tem levado várias pessoas a óbito.”
A Folha de Londrina conversou com Walton Luiz Del Tedesco Júnior, médico infectologista que atua na Santa Casa e no Hospital Universitário de Londrina. Ele explicou os vários motivos dessa informação ser falsa.
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Beber água previne a infecção?
O infectologista não viu sentido em tal "informação". Ele esclareceu que manter-se hidratado é importante para o organismo como um todo, mas não é um fator de prevenção contra a doença. "O vírus é transmitido pelas vias aéreas, por gotículas, por parte respiratória e, no momento em que ocorre o contato, não há nada que impeça a infecção”. Ele é intracelular, ou seja, se instala na célula e se replica dentro dela. "Ele não vai ficar parado esperando a água controlar para onde ele vai”. O médico ainda reforçou que o suco gástrico do estômago não mata o vírus, já que o estômago não tem nenhum papel protetor justamente pela transmissão se dar por vias aéreas.
A dificuldade em respirar é o único fator que tem levado as pessoas a óbito?
Tedesco Júnior explicou que a inflamação não é só causada pelo vírus, depende também da resposta imune do hospedeiro. Então, são vários os fatores que podem aumentar ou diminuir a inflamação. "A maior parte dos óbitos causados pela Covid-19 é por decorrência de problemas respiratórios, mas não é somente por isso. Pode ser pela falta de ar, pela parte pulmonar, mas também por outros fatores como complicações cardíacas, infarto, arritmias, embolia pulmonar. É uma doença sistêmica, pode afetar vários órgãos”.
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*Supervisão - Patrícia Maria Alves - editora