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Doenças sistêmicas comprometem a visão

01 out 2010 às 17:08

O envelhecimento da população associado às alterações cardíacas, reumatismo e outras doenças auto-imunes pode contribuir com o maior comprometimento da visão de 57.86% dos idosos. Este é o resultado de um estudo realizado com 223 pacientes na faixa etária de 53 a 78 anos pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. O problema é que dos pacientes estudados, só 36% passam por exame de vista anualmente. A falta de acompanhamento médico facilita o avanço dos vícios de refração, catarata, glaucoma e doenças na retina que poderiam ser controlados para garantir a qualidade de vida. Por isso, na próxima quinta-feira, 8 de outubro, é comemorado o "Dia Mundial da Visão" uma iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) em conjunto com a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB). A estimativa da OMS é que entre 60 e 75% dos casos de cegueira e baixa visão são evitáveis, desde que a população seja conscientizada de que a visão pode ser preservada até o final da vida, independente do envelhecimento que cresce no mundo todo.

RETINA É A MAIS AFETADA


O estudo realizado por Queiroz Neto aponta que no Brasil 32% dos idosos têm alterações cardíacas (hipertensão arterial e arritmia), 18,64% reumatismo (artrite e artrose) e 7% outras doenças auto-imunes que exigem o uso prolongado de corticóide. Significa que entre idosos a retina é a parte do olho mais exposta às alterações causadas pelo tratamento das doenças sistêmicas, comenta o especialista. Isso porque, a droga mais utilizada para alterações cardíacas é a Amiodarona que pode causar neuropatia óptica. Trata-se de um edema no nervo óptico que leva 2% dos pacientes à visão subnormal ou cegueira se não forem realizados exames de fundo de olho regularmente. O médico explica que a neuropatia óptica geralmente surge após meses de tratamento com Amiodarona, em 90% dos casos atinge apenas um olho e entre 15% e 40% o segundo olho. A doença, observa, pode ser prevenida com a troca de medicamento e uso de aspirina para afinar o sangue uma vez que o edema é provocado pela insuficiência de irrigação sanguínea. Ele ressalta que como não existe terapia efetiva para reverter os danos oculares já instalados o acompanhamento do oftalmologista é essencial.

Já o uso de Difosfato de Cloroquina para tratar doenças reumáticas pode causar cegueira irreversível decorrente de degeneração macular, parte central da retina responsável pela visão de detalhes. Queiroz Neto afirma que a perda progressiva da visão ocorre inclusive depois de anos que o tratamento foi interrompido. Não existe terapia totalmente eficaz no combate aos efeitos da droga, mas aplicações de laser no estágio inicial podem interromper a progressão. Além disso, a dosagem de 200 mg de Difosfato de Cloroquina é relativamente segura, comenta. Em estágio inicial a degeneração macular não apresenta sintomas. Eles só começam a aparecer a na fase intermediária, quando a visão fica embaçada no centro da imagem e as linhas retas se tornam sinuosas. Por isso, afirma, um teste simples que pode ser feito em casa é fixar a moldura de um quadro ou o batente de uma porta. Se as bordas apresentarem irregularidade sinaliza necessidade de avaliação médica (com Eutrópia Turazzi - LDC Comunicação).


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