O ceratocone é uma doença caracterizada por um afinamento e um aumento na curvatura da córnea, que sofre alterações, perdendo o formato arredondado e adquirindo um formato de cone. Essa alteração que costuma ocorrer na adolescência progride até por volta dos 30 anos e leva além da progressão da Miopia e do Astigmatismo, a uma acentuada baixa da acuidade visual, fazendo com que o paciente tenha que trocar a lentes dos óculos com frequência. Os sintomas característicos do ceratocone são o desconforto visual, dor de cabeça e fotofobia.
Dr. Renato Neves, presidente da Sociedade Brasileira de Ceratocone, alerta as pessoas para a necessidade de um diagnóstico precoce do ceratocone, para que assim seja possível obter resultados satisfatórios.
"O ceratocone tem 4 graus evolutivos e dependendo da severidade da doença o paciente pode perder a visão, resultando na necessidade de um transplante de córnea. Mas com os tratamentos atuais é possível diagnosticar o problema com uma topografia corneana e interromper o progresso do ceratocone com um diagnóstico precoce, ajudando no tratamento", afirma.
Tratamento
O tratamento baseia-se na melhora da visão através da correção da curvatura acentuada da córnea. Em casos iniciais, correção da ametropia (grau) é feita com óculos e, naqueles casos onde os óculos já não permitem boa visão, faz-se uso de lentes de contato. Há mais de 5 anos, quando o paciente não conseguia boa visão ou adaptação a lentes de contato, indicava-se o transplante de córnea.
Com o desenvolvimento de tecnologias na área, o transplante de córnea em função do ceratocone se tornou o último recurso. Hoje é possível optar pelo implante de um anel nas córneas. Ainda hoje, o ceratocone é a principal causa de transplantes de córnea no Brasil.
"Através do implante de anel intracorneano, também chamado Anel de Ferrara, é possível corrigir a curvatura com um fortalecimento da córnea, restaurando o seu formato arredondado. A técnica consiste na implantação de dois segmentos de arco de acrílico especial na córnea, melhorando o conforto e a visão do paciente", explica o especialista.
Outra técnica para tratar a doença é o Crosslink que se vale da aplicação de um colírio para estimular novas ligações entre as moléculas de colágeno, aumentando a resistência estrutural da córnea.
"É feito um tratamento cirúrgico no crosslink, que tem como objetivo endurecer a córnea para melhorar a estabilidade. Aplicamos um colírio a base de vitamina B6 (Riboflavina), ativada através de um feixe especial de luz ultravioleta para a maior união das fibras de colágeno, estabilizando assim a evolução do ceratocone", conclui o Dr. Renato Neves, presidente da Sociedade Brasileira de Ceratocone.