Curitiba ampliou para 78,7%, este ano, o percentual de identificação de gestantes beneficiárias do Programa Bolsa Família. A taxa – superior à média do Paraná, que é de 43,8% – representa um crescimento de mais de 20 pontos percentuais em relação à cobertura do ano passado e coloca Curitiba entre as capitais com melhor desempenho nesse acompanhamento.
A identificação das gestantes representa a garantia de acompanhamento pré-natal, fundamental para a redução dos índices de mortalidade materna e infantil, e o pagamento de um acréscimo de R$ 288,00 no valor da Bolsa Família ao longo da gestação – valor distribuído em nove parcelas de R$ 32,00.
De acordo com dados dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social, nos primeiros seis meses do ano passado, a cobertura em Curitiba era de 55,3% das gestantes beneficiárias do Bolsa Família. No segundo semestre, chegou a 57,7%. Os percentuais são calculados com base numa estimativa do número de gestantes entre os cadastrados no programa. Para o primeiro semestre deste ano, estimou-se a existência de 1.228 gestantes, das quais 967 (78,7%) foram localizadas e passaram a receber o benefício adicional. Fazer o acompanhamento pré-natal é condição para receber esse acréscimo.
Em Curitiba, o cadastro do Bolsa Família é feito pela Fundação de Ação Social (FAS), por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Entretanto, a identificação da gestante é realizada pela Secretaria Municipal da Saúde, que também é responsável por repassar ao governo federal os dados referentes ao acompanhamento pré-natal.
Trabalho - Para o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda, a identificação precoce das gestantes, de forma que façam o acompanhamento de saúde desde os primeiros meses de gestação, é imprescindível para reduzir os índices de mortalidade materna e infantil. "Os números são os primeiros reflexos do reforço e dos investimentos que fizemos no Programa Mãe Curitibana desde o início do ano. Conseguimos ampliar a cobertura de atendimento justamente entre as pessoas que mais necessitam de atenção", destaca.
Massuda salienta que foi reforçado o trabalho das unidades de saúde para saber quem são estas gestantes, o que resultou no crescimento significativo das notificações. "Fazer o acompanhamento de saúde, para saber as condições de saúde da mãe e do bebê, é essencial para garantir um parto seguro", enfatiza.
De acordo com a presidente da FAS, Marcia Oleskovicz Fruet, a assistência social está empenhada em acompanhar de perto a condição das famílias em situação de risco e vulnerabilidade social de Curitiba: "Nossa orientação é para que as equipes de assistentes e educadores sociais conheçam as famílias de cada território pelo nome e a condição de cada um individualmente. Fazendo os encaminhamentos devidos, aumentamos o número de beneficiários dos programas sociais e a proteção à infância, dando condições de vida mais digna a essa população", afirma.
A coordenadora geral de Nutrição do Ministério da Saúde, Patricia Constante Jaime, esteve em Curitiba para apresentar o balanço do semestre e destacou a importância da identificação das gestantes. "Isso revela a capacidade de agir junto à população mais vulnerável", disse. Segundo ela, o benefício à gestante amplia a responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) com as famílias do Programa Bolsa Família na medida em que permite a captação precoce das gestantes em situação de vulnerabilidade social para a realização do pré-natal.
Índice de Desenvolvimento Humano - A cobertura de gestantes do Bolsa Família está entre os índices que contribuíram para que Curitiba ficasse entre as cinco capitais e as dez cidades brasileiras com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Atlas de Desenvolvimento Humano divulgado na última segunda-feira (29). Entre os fatores avaliados, a saúde ganhou destaque pela redução de 11% na mortalidade infantil. Em 2000, a cada mil nascidos vivos, 13,4 crianças com menos de um ano morriam. Os números atuais indicam 11,9 mortes por mil. O índice de Curitiba é menor do que os índices do Paraná e do Brasil, que são de 13,1 e 16,7 por mil nascidos vivos, respectivamente.
Ao se analisar a longevidade da população em Curitiba, o Atlas mostra que a expectativa de vida no ano 2000 era de 72,75 anos. Uma década depois, a longevidade chegou a 76,3 anos.
Massuda destaca que esse avanço na redução da mortalidade infantil é reflexo do fortalecimento da rede básica no Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba. "Esses dados refletem principalmente a ampliação da oferta dos serviços da saúde, com a construção de 30 unidades básicas a cada 10 anos, desde a década de 80, e a diminuição da desigualdade de renda, o que gera melhores condições de vida e de saúde", afirma.
O novo Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil foi feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Ipea e a Fundação João Pinheiro.Além dos dados da saúde, consideraram mais de 180 indicadores de população, educação, habitação, trabalho, renda e vulnerabilidade. Considerando todos os indicadores, a capital paranaense está situada na faixa de Desenvolvimento Humano Muito Alto (IDHM entre 0,8 e 1).