Começa nesta segunda-feira (09) a coleta dos exames clínicos de sangue e de urina para a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que integram a segunda etapa do estudo. A pesquisa está sendo realizada por meio de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio-Libanês (HSL), com o objetivo de avaliar a incidência de doenças como diabetes, hipertensão, anemia, colesterol alto, obesidade, dengue, entre outras. A primeira etapa do levantamento envolveu entrevistas sobre doenças e medidas antropométricas, incluindo a pressão arterial, realizados em cerca de 80 mil pessoas em 1,6 mil municípios.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explica que a pesquisa permitirá uma avaliação mais ampla e um melhor planejamento das ações estratégicas e políticas públicas. "Além de permitir que possamos examinar a tendência da saúde do brasileiro na última década, a PNS traz uma radiografia bem detalhada não só do Brasil, mas de regiões, dos estados, capital e interior", diz.
Responsável pela organização da rede de coleta de sangue e urina, o Hospital Sírio-Libanês firmou um termo de cooperação com duas empresas de medicina diagnóstical, os Grupos "Dasa (Diagnósticos da América)" e "Fleury". As informações obtidas serão sigilosas, ficarão sob a guarda do IBGE e terão apenas fins estatísticos, sem qualquer identificação dos participantes.
"Esta pesquisa representa um grande desafio. A nossa colaboração se deve à importância que a iniciativa terá para o futuro das políticas públicas de saúde e, desta forma, dos benefícios que trará para a população", afirma Sérgio Zanetta, diretor de Filantropia do Hospital Sírio-Libanês.
No total, serão investidos R$ 21 milhões na realização pesquisa, sendo que o Ministério da Saúde vai repassar R$ 15 milhões ao IBGE. O restante, R$ 6 milhões, será empregado pelo Hospital Sírio-Libanês na organização da rede de coleta de sangue e urina. Esse recurso integrante do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) que possibilita que as entidades de saúde de referência assistencial - neste caso o Hospital Sírio-Libanês -, participem do desenvolvimento do SUS transferindo tecnologia, conhecimento, experiência em gestão e oferecendo práticas úteis para serem adaptadas pela rede pública.
No PROADI, os projetos são apresentados pelos Hospitais de Excelência ao Ministério da Saúde. Após aprovação, são desenvolvidos com o recurso despendido pela própria entidade de saúde. Em contrapartida - pela oferta de serviços à população - as entidades usufruem de isenções fiscais, mais especificamente contribuições sociais, devidas ao governo.
As análises feitas pela pesquisa também vão diagnosticar se a pessoa diabetes, anemia falciforme e analisar percentuais de creatinina, potássio e sódio – indicadores que podem revelar eventuais problemas de saúde do paciente. Se os resultados dos exames indicarem algum problema de saúde, o entrevistado será encaminhado a uma unidade de saúde para receber acompanhamento médico.
HISTÓRICO – Desde 2009, o Ministério da Saúde se reúne com pesquisadores para iniciar a elaboração da pesquisa. De 2010 a 2011, ocorreram reuniões periódicas com representantes do IBGE, onde foram estudadas experiências nacionais e internacionais; definidas a metodologia; a amostragem e outros pontos importantes. Em 2012, foram fechados os questionários e a parceria com o Hospital Sírio-Libanês para a realização dos exames laboratoriais.
O Ministério da Saúde já realiza, anualmente, o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), estudo feito por inquérito telefônico em 26 estados e no Distrito Federal. Em 2011, o Vigitel entrevistou 54 mil pessoas, sendo uma importante fonte para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde preventiva. A Pesquisa Nacional de Saúde, portanto, servirá como aliada para agregar informações estatísticas dos hábitos de vida da população comprovadas através dos exames.
DENGUE -O exame de sangue também trará a informação do percentual da população brasileira que já entrou em contato com o vírus da dengue. "A sorologia é importante para subsidiar, no futuro, a implantação da vacina conta a dengue no país,possibilitando o mapeamento de áreas suscetíveis a surtos de subtipos da doença.", afirma Jarbas Barbosa.
O material coletado na pesquisa será guardado no Instituto Evando Chagas, em Belém, que é uma instituição pública do Ministério da Saúde e vai compor um banco de soro humano para monitorar a doença no país, ficando disponível para universidades e institutos de pesquisas. Segundo o secretário, a previsão é de que o estudo seja realizado a cada cinco anos. Os primeiros resultados deste estudo devem ser divulgados em 2014.
A pesquisa faz parte do Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) e tem como meta produzir novas informações sobre os hábitos de alimentação, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, prática de atividade física e fatores associados aos comportamentos não saudáveis da população. As informações vão subsidiar as ações de combate às DCNT, responsáveis por 72% dos óbitos no Brasil.
A iniciativa propõe que a PNS dê continuidade aos inquéritos do Plano Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizado em 1998, 2003 e 2008. A PNS também deve delinear o perfil lipídico da população e dimensionar o acesso ao diagnóstico de alguns agravos crônicos (como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, creatinina no sangue, dosagem de sal na urina), com base na comparação de medidas objetivas (antropométricas, de pressão arterial e exames laboratoriais) e subjetivas (morbidade auto referida), além de outras investigações. A PNS foi aprovada no Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).