No mundo todo são muitos os relatos que indicam que a visualização prolongada de dispositivos móveis e outros aplicativos na pequena tela dos smartphones podem provocar desconforto visual, dores de cabeça e fadiga. A causa para o aparecimento de tantos problemas pode ser o esforço feito pelos olhos para focar a tela e, simultaneamente, ajustar a distância para ler o conteúdo.
Cientificamente conhecido como "convergência-acomodação", este conflito e seus efeitos sobre os usuários de smartphones são detalhados na edição mais recente do Journal of Vision no artigo The Zone of Comfort: Predicting Visual Discomfort with Stereo Displays.
Através de uma série de experimentos com 24 adultos, a equipe de pesquisa liderada por Martin S. Banks, professor de Optometria e de Oftalmologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, observou a interação entre a distância de visualização e a direção do conflito, examinando se a colocação do conteúdo na frente ou atrás da tela afetaria o conforto visual do usuário do telefone.
"O desconforto visual surge quando o usuário do telefone concentra seu olhar na tela, ou seja, acomoda sua visão à distância apropriada da tela, que é fonte refletora de luz. Ao mesmo tempo, os olhos devem convergir, para que uma distância apropriada do telefone possibilite ler ou assistir o que está na tela do telefone", afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Em condições normais, esta situação de "esforço extra para os olhos" pode não representar um problema porque quando uma pessoa apresenta fadiga visual, na frente do computador, por exemplo, ela se levanta por cinco minutos, descansa os olhos e fica bem novamente. "Mas quando você está assistindo um filme no smartphone, você tem que se concentrar mais para fundir as imagens. É isto o que causa a dor de cabeça", explica o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO.
"O desconforto associado com a visualização de filmes e imagens em pequenas telas, como as dos smartphones, é um dos principais problemas que podem limitar o uso desta tecnologia. Precisamos de mais estudos e pesquisas neste campo com uma amostra maior a fim de desenvolver estatísticas de base populacional que incluam crianças e adolescentes. Com a explosão de imagens no campo do entretenimento, da comunicação e da tecnologia médica é preciso definir qual o melhor posicionamento dos espectadores em relação ao display", afirma Eduardo de Lucca.
MW- Consultoria de Comunicação