Robôs trabalham em diversas áreas. Eles são capazes de chegar a áreas remotas e perigosas e operam em lugares onde as pessoas não podem ir, como os destroços da usina nuclear de Fukushima. Então, parece lógico pensar neles em uma crise de saúde pública como a atual epidemia de ebola na África Ocidental.
A ideia foi tema de discussão em uma conferência nesta sexta-feira (7) envolvendo universidades americanas de robótica e a Casa Branca. Uma proposta, apresentada pelo Insituto Politécnico Worcester (WPI), em Massachusetts, é de não projetar robôs do zero, algo que seria custoso e demorado, mas adaptar robôs existentes para tarefas ligadas ao ebola.
As demais universidades envolvidas na discussão são a Texas A&M e a Universidade da Califórnia em Berkeley. Um dos robôs que a WPI começou a adaptar é o Aero (sigla em inglês para Andarilho Autônomo Explorador), projetado originalmente para exploração espacial, mas que agora está sendo convertido, com a ajuda de tanques de spray presos à sua estrutura, para ajudar em trabalhos de descontaminação.
A ideia é que ele seja controlado remotamente por uma pessoa fora da área contaminada pelo vírus. "Estamos tentando afastar a doença dos agentes de saúde", diz Velin Dimitrov, candidato a PhD em engenharia robótica. "Como o ebola não é transmitido pelo ar, se você puder controlar o robô à distância, reduzirá o risco aos profissionais."
A equipe do WPI espera usar o Aero junto a outros robôs na África Ocidental dentro dos próximos três meses.
Estudos
Um desafio é a falta de experiência dos estudantes de robótica com relação às necessidades dos agentes de saúde na linha de frente do combate ao ebola. Para contornar isso, a WPI improvisou uma tenda em seu campus, para estudar as roupas protetoras usadas por esses agentes.
A universidade também pretende dar nova função ao robô Baxter, usado originalmente na atividade fabril: a ideia é que ele ajude a remover a roupa de agentes de saúde. A WPI ressalta que nenhum dos robôs envolvidos trabalharia de forma autônoma. Eles seriam operados por humanos a uma distância segura. "A questão é que (o robô) dispensaria a necessidade de uma segunda pessoa para ajudar a remover essas roupas, correndo o risco de ser contaminada", diz Dmitry Berenson, professor-assistente da universidade.
Outra proposta da WPI é agregar tecnologia a algumas tendas médicas, usando sensores para levar água, comida e medicamentos a pacientes, além de monitorá-los. Existe, ainda, a discussão de usar robôs para realizar o transporte e os enterros de vítimas do ebola. Uma das preocupações de médicos é o perigo de isolar ainda mais os pacientes de ebola, já estigmatizados por terem a doença.
Uma possível solução para isso seria usar robôs de telepresença, que contêm uma tela de TV pela qual o médico seria visto e ouvido pelo paciente.
(Com informações bbc)