O Instituto Butantan entregou, nesta sexta-feira (19), ao Ministério da Saúde 2 milhões de doses da vacina Coronavac, usada contra o coronavírus Sars-CoV-2. Somente nesta semana, foram 7,3 milhões de unidades do imunizante encaminhadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) para serem distribuídas proporcionalmente entre os estados -a semana mais produtiva até o momento.
Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac é processada e envasada pelo Instituto Butantan através de um acordo entre o governo de São Paulo com a empresa.
Com a entrega das vacinas nesta sexta-feira, o total de unidades da Coronavac repassadas pelo governo de São Paulo ao Ministério da Saúde chega a 24,6 milhões. Os envios começaram em 17 de janeiro.
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Segundo o governo de São Paulo, até o fim de abril o Instituto Butantan deve entregar 46 milhões de doses da vacina. Em agosto, o total deve chegar aos 100 milhões contratados pela pasta. Novos lotes do IFA (insumo farmacêutico ativo), a matéria prima para a vacina vinda da China, devem ser entregues até o fim de março ou início de abril, segundo o Butantan.
A vacinação contra a doença é uma das maiores prioridades do combate à pandemia em uma semana em que as mortes causadas pelo coronavírus atingiram recordes no país.
Somente o estado de São Paulo chegou a registrar 679 mortes em apenas um dia, e o colapso do sistema de saúde é iminente, na avaliação de especialistas. Para Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do estado de São Paulo, é possível que as mortes cheguem ao patamar de 700 por dia.
"Temos 17 mil novos casos da doença por dia e cerca de 600 novas mortes. Mais do que nunca, precisamos que a população reduza sua circulação, fique em casa, e quando precisar sair, que seja com responsabilidade", afirmou Gorinchteyn em entrevista coletiva durante a entrega do lote de vacinas, no Instituto Butantan.
O governador João Doria e o secretário de Saúde baixaram o tom com relação ao aumento das medidas de restrição de circulação de pessoas no estado.
Durante toda a semana, Doria e sua equipe deixaram em aberto a possibilidade de endurecer ainda mais as restrições para conter o avanço da doença. Segundo o governador, a decisão cabe ao Centro de Contingência da Covid-19, formado por 21 médicos e cientistas.
Gorinchteyn afirmou que os riscos de desabastecimento e outros problemas sociais causados por restrições mais intensas não justificam a adoção de tais medidas no momento. Como alternativa, o secretário defendeu regras mais duras de maneira pontual e regionalizada para conter o avanço do vírus.
Atualmente, o estado todo está na fase emergencial do Plano SP, que teve início na segunda-feira (15) e deve ir até o dia 30 de março. Mais dura que a etapa vermelha, a emergencial impõe um toque de recolher das 20h às 5h, entre outras restrições.
Segundo monitoramento do governo, a fase não foi suficiente para aumentar os índices de isolamento no estado. Na segunda-feira (15), primeiro dia da nova etapa, o isolamento médio no estado ficou em 42% –mesmo nível da segunda-feira anterior, quando todo o estado estava na fase vermelha, pouco menos restritiva que a emergencial.
Na quinta-feira (18), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou que vai antecipar alguns feriados como medida para diminuir a circulação na cidade. A ação gerou preocupação entre prefeitos de municípios do litoral, que temem um aumento no fluxo de pessoas na região.
Doria disse que faltou bom senso de Covas por não ter alinhado sua decisão com os prefeitos de outras cidades antes de anunciá-la. O governador afirmou ainda que daria apoio aos prefeitos que decidirem por ampliar restrições em suas cidades durante o período.