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Brasileiros descobrem proteína do café com efeito similar ao da morfina

27 jan 2015 às 08:46

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Universidade de Brasília - UnB identificaram fragmentos de proteína (peptídeos) inéditos no café com efeito similar ao da morfina.

A substância apresenta atividade analgésica e ansiolítica, com um diferencial positivo: maior tempo de duração desses efeitos em experimentos com camundongos. O pedido de patente de sete peptídeos identificados neste estudo foi encaminhado ao INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual.


A caracterização dessas moléculas faz parte da tese de doutorado do estudante Felipe Vinecky, desenvolvida no Departamento de Biologia Molecular da UnB e na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sob a coordenação do pesquisador Carlos Bloch Júnior.


A identificação dos peptídeos se deu quando Felipe estava em busca de genes de café associados à melhoria da qualidade do produto, como parte de um projeto desenvolvido em parceria entre a Embrapa e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD).


Os pesquisadores analisaram as sequências gênicas e correspondentes traduzidos proteicos, observaram que algumas delas continham fragmentos internos (encriptados) com estruturas semelhantes a de alguns opioides endógenos de humanos, como por exemplo, a encefalina.


Ao sintetizar análogos estruturais para avaliar experimentalmente suas funções biológicas e efeitos fisiológicos em mamíferos. Constatou-se o opioide.


Da mesma forma, um concentrado proteico presente no endosperma do café foi submetido à digestão enzimática in vitro para simular o processo digestivo em humanos e, assim, deduzir como poderia ser o processo real de biodisponibilização e atividade final dessas moléculas dentro do organismo.


Novo conceito em desenvolvimento: proteínas-mãe e peptídeos encriptados


O estudo de proteínas nas quais são identificados fragmentos internos funcionais (peptídeos encriptados) é parte de um novo conceito em desenvolvimento na área de biomoléculas que foi iniciado há mais de uma década pela equipe do Laboratório de Espectrometria de Massa da Unidade (LEM), patenteado em 2006 e publicado em 2012. Saiba mais clique aqui.


Mais um resultado do genoma do café.


É importante ressaltar que nada disso teria sido possível sem o sequenciamento do genoma funcional do café, em 2004, capitaneado pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Alan Andrade, que resultou num banco de dados com mais de 200 mil sequências gênicas, das quais cerca de 30 mil já estão identificadas.


O genoma do café foi uma iniciativa do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, coordenado pela Embrapa Café, com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Financiadora de Estudos e Projetos ( FINEP), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café) e Fórum permanente das relações Universidade-Empresa (Instituto UNIEMP).


Esse banco fica à disposição das instituições de pesquisa e não é a primeira vez em que é utilizado com sucesso em prol de descobertas científicas importantes e pedidos de patente.

Em 2010, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Eduardo Romano, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou genes de tolerância à seca, que podem ser transferidas a outras culturas, como cana, soja entre outros.


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