Dos nove casos suspeitos de varíola dos macacos (monkeypox) registrados no Brasil até esta quarta-feira (9) um já foi descartado, no Ceará. Entre os outros suspeitos, cinco são homens e três mulheres. Há dois sob monitoramento em hospitais, de acordo com a Sala de Situação da Monkeypox, do Ministério da Saúde.
Esta sala tem o objetivo divulgar orientações para resposta a casos dessa doença no País, além de direcionar as ações de vigilância quanto à definição de caso, processo de notificação, fluxo laboratorial e investigação epidemiológica no país.
Patrícia Carvalho, integrante do comando da sala, afirmou nesta quarta, durante uma webinar promovida pela Saúde, que, entre os oito casos suspeitos, dois encontram-se em Santa Catarina, nos municípios de Blumenau e Dionísio Cerqueira. Outros dois estão sob acompanhamento em Rondônia. “Trata-se de um casal de Rio Crespo (RO)”, apontou.
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Há, ainda, um suspeito em São Paulo (capital); um em Pacatuba (CE); um em Porto Alegre; e um em Corumbá. Conforme Carvalho, o suspeito em Corumbá “é de um boliviano, que encontra-se internado e está sendo acompanhado no Brasil”.
“Dos casos suspeitos, três têm históricos de viagem para fora do Brasil”, comentou, referindo-se a pessoas que vieram de Portugal, Argentina e Bolívia.
A representante da Secretaria de Vigilância de Saúde, Janaína Sallas, explicou que, dos oito casos em situação suspeita, cinco têm até 28 anos. Os cinco homens têm idades de 15 ea 51 anos, e as mulheres, de 25 a 27 anos.
Até o momento, de acordo com as autoridades brasileiras, ocorre aumento de casos confirmados em pelo menos 31 países. Há 1.077 casos, a maior parte deles em países onde a doença é endêmica, localizados no continente africano.
“Essa doença é um evento incomum e inesperado em áreas não endêmicas. Trata-se de um agente com alto potencial de transmissão por contato através de gotículas, principalmente por fluidos corporais, e existe a necessidade de assegurar a assistência – o que inclui tratamento, capacidade laboratorial, equipamentos de proteção, e descontaminação”, pontuou Sallas.
Carvalho destacou ainda a importância de se notificar, o quanto antes, casos suspeitos que apresentem sinais e sintomas como febre, erupção cutânea e adenomegalia (espécie de íngua). Como a transmissão pode ser por fluidos corporais, gotículas ou materiais contaminados, ela sugere, como medida de prevenção, o uso de máscaras e a lavagem de mãos.
Europa
O representate da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Wildo Navegantes, discorreu sobre o cenário epidemiológico internacional, em especial sobre os casos de varíola dos macacos registrados em europeus que adquiriram a doença sem terem ido aos países endêmicos.
“Ao que tudo indica, o surto teve início em meados de abril. Há alguns casos de transmissões relacionadas a atividades sexuais. Em boa parte, envolvendo relações sexuais fortuitas e com multiparceiros”, disse.
Conforme os especialistas, a vacina contra a varíola humana tem bons resultados contra essa versão, que costuma estar mais presente em macacos e roedores. “Infelizmente, um estudo feito no Reino Unido mostrou que apenas 14% das pessoas da comunidade tomariam a vacina, caso tivessem acesso a ela”.
“Mas o mais incrível é que apenas 69% dos contatos pertencentes a um grupo de trabalhadores da saúde disseram que, se tivessem a vacina disponível para tomar, aceitariam tomar. Acreditamos que um dado como esse envolvendo profissionais da saúde, 100% deveria aderir”, lamentou Navegantes.
Histórico
A varíola dos macacos foi descoberta em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola convencional ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.
A varíola dos macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, depois de mais de 40 anos sem casos relatados. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano. De 2018 a 2021, foram relatados sete casos de varíola dos macacos no Reino Unido, principalmente em pessoas com histórico de viagens para países endêmicos.