Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Crise sanitária

Brasil chega a 500 mil mortes por Covid ainda sem conter pandemia

Everton Lopes Batista/Folhapress
19 jun 2021 às 14:52

Compartilhar notícia

- Geraldo Bubniak/AEN
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

O Brasil chega à marca de meio milhão de mortes pela Covid-19 neste sábado (19), segundo registros oficiais das secretarias de Saúde dos estados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O número real, porém, deve ser ainda maior, já que nem todos os infectados fazem o exame para detectar a presença do coronavírus.


Às 14h15 deste sábado, o país contou 1.401 mortes e 20.483 novos casos da doença, elevando o total de óbitos para 500.022, e o de casos, para 17.822.659.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Com isso, o Brasil torna-se o segundo país a ultrapassar os 500 mil mortes. Antes dele, os Estados Unidos superaram essa cifra e, no dia 15 de junho, passaram de 600 mil óbitos. A diferença é que, por lá, mais de 148 milhões de norte-americanos (45% da população) estão imunizados; por aqui, são cerca de 24 milhões de brasileiros (11% da população).

Leia mais:

Imagem de destaque
Estudo

Famílias que ganham até R$ 1.200 por mês usam 82% dos recursos aplicados no SUS

Imagem de destaque
Novos focos

Novo plano para combater câncer de colo do útero tem foco em rastreio e vacina

Imagem de destaque
Vítimas menores de 14 anos

Brasil registra mais de 11 mil partos resultantes de violência sexual, diz pesquisa

Imagem de destaque
Alerta

Sesa reforça gratuidade dos serviços ofertados pelo SUS


Com vacinação ainda lenta, o vírus se alastra por todas as regiões do Brasil. Na última semana, houve média de cerca de 2.000 mortes por dia pelo coronavírus Sars-CoV-2. A média diária de novos casos está em torno de 70 mil, o que deixa o atual momento entre os piores da pandemia.
Desde o primeiro registro da doença no país, em fevereiro de 2020, mais de 17,8 milhões de pessoas já foram infectadas pelo Sars-CoV-2 no Brasil –número que provavelmente também está subdimensionado.

Publicidade


Os dados comparativos mostram que as autoridades brasileiras erraram na condução do país em meio à pandemia. Quando se considera a taxa de mortes por 100 mil habitantes, por exemplo, o Brasil é o 9º país com mais óbitos, ostentando 235 mortes/100 mil habitantes. Apenas países de população bem menor estão à sua frente.


Entre as maiores economias do mundo, o Brasil é o país que acumula mais mortes por 100 mil habitantes.

Publicidade


Apesar de todas as evidências científicas disponíveis, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém o negacionismo que expressou desde o primeiro momento. Ele já subestimou o perigo que a doença representa quando a chamou de gripezinha, lançou desconfiança sobre as vacinas que comprovadamente podem diminuir os riscos de morte e não segue as medidas de proteção contra o vírus, como uso de máscara e distanciamento social.


Pressionado pelo número elevado de mortes, Bolsonaro até apareceu em rede nacional para celebrar a distribuição de 100 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 aos estados e municípios, mas ao mesmo tempo não dá sinais de que ele mesmo deve se vacinar. Outros líderes mundiais tomaram a injeção no braço em público como maneira de estimular a população e dissipar qualquer receio provocado por notícias falsas.

Publicidade


Em suas falas, as imprecisões e as expressões próprias de um movimento político que se opõe à ciência servem para lançar desconfianças infundadas sobre as vacinas e o uso das máscaras, que ele diz ser um símbolo contra a liberdade individual.


Suas crenças se refletiram nas ações do governo federal, que se empenhou mais na defesa e na distribuição de remédios como a hidroxicloroquina, ineficaz contra a Covid, e menos na compra das vacinas.

Publicidade


Mesmo após mais de um ano de realização de estudos científicos padronizados com a hidroxicloroquina e outros medicamentos do chamado "kit Covid" que não encontraram benefícios no uso dos remédios pelos doentes, o presidente segue propagandeando esses medicamentos como a solução.


O resultado: cerca de um quarto da população brasileira fez uso de algum medicamento para tratar precocemente ou prevenir a Covid-19, de acordo com uma pesquisa do Datafolha –entre os que declaram voto em Bolsonaro nas eleições de 2022, o índice sobe para 37%. Mas o tratamento ainda não existe, e os números de mortes ajudam a confirmar isso.

Publicidade


Enquanto isso, a CPI da Covid instalada no Senado expõe a inoperância do governo federal e alimenta críticas às ações das autoridades sanitárias e de Bolsonaro no período. Para agravar o quadro econômico ruim, aumenta também o isolamento do Brasil no cenário internacional, acompanhado de fortes críticas à gestão da crise na saúde.


A comissão parlamentar ajudou a evidenciar a omissão do presidente e de seu ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no colapso de Manaus no começo deste ano, quando hospitais ficaram sem oxigênio para fornecer aos doentes internados.

Publicidade


O comportamento errático do governo também se evidencia nas trocas na pasta mais relevante para o enfrentamento da pandemia. Desde o começo da crise, quatro ministros da Saúde tentaram conduzir a reação do país. Dois deles –Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich– saíram do posto por divergências com Bolsonaro. O terceiro, Pazuello, mais alinhado ao presidente, ficou quase um ano no cargo. Saiu pela má gestão e como um dos investigados na CPI da Covid-19.


Cabe agora ao médico paraibano Marcelo Queiroga, o quarto ministro, conter a múltipla crise. Com discurso mais modulado, ele reafirma seu apreço à ciência, mas está dentro de um governo que, como também mostrou a CPI, ignorou durante meses a oferta de vacinas feita pela Pfizer ainda no ano passado.


E a Pfizer nem foi a única vacina esnobada. Importantes nomes do governo atacaram a Coronavac, por sua origem chinesa. Bolsonaro, Paulo Guedes (ministro da Economia) e Ernesto Araújo (ex-chanceler) fortaleceram esse discurso.


Nas redes sociais, sobretudo entre bolsonaristas, circulam mentiras que afastam a população dos imunizantes. Algumas delas sugerem que as vacinas carregam algum tipo de chip ou que causem efeito magnético. O objetivo é disseminar o pânico e a descrença naquilo que é a melhor ferramenta para combater a pandemia.


As vacinas contra a Covid-19, desenvolvidas em tempo recorde e algumas delas com eficácias extraordinárias, têm seus dados de segurança continuamente revisados por autoridades sanitárias, como a Anvisa. Países que escolheram o caminho da vacinação em massa, como os Estados Unidos e Israel, colhem os bons frutos dos imunizantes agora.


No Brasil, mesmo com uma vacinação abaixo do desejado, os imunizantes já teriam evitado a morte de 43 mil pessoas acima de 70 anos, segundo estudo do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) em parceria com a Universidade Harvard e o Ministério da Saúde.


Já o uso de máscara é uma medida simples e barata para conter a disseminação do Sars-CoV-2 e outros vírus respiratórios. Sabiam disso desde o início os médicos e os países asiáticos que melhor lidaram com a pandemia. Elas ainda são necessárias e devem seguir essenciais por um bom tempo no Brasil, onde o vírus tem alta circulação e a vacinação anda lentamente, afirmam os especialistas.

Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo