Jovens que fazem tratamento no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), no centro do Rio de Janeiro se envolvem em atividades que os ajudam a permanecer na luta contra a doença. Juntos, um dá apoio ao outro. "Amigos são para isso", disse Estefany Menezes, 17 anos, que agora está na fase de controle da doença.
Antes, Estefany passou por 17 sessões de quimioterapia. A jovem nasceu em Sergipe, mas se mudou para o Rio, onde descobriu que estava com um osteossarcoma extra-ósseo, em partes do músculo. Para ela, um dado positivo é que o diagnóstico foi feito precocemente em 2015. Logo que notou uma anormalidade na perna contou para o pai. A doença foi identificada após uma tomografia e uma biópsia no Hospital Naval Marcílio Dias, da Marinha, na zona norte do Rio. Uma médica da unidade a encaminhou para o Inca.
"Me sinto vitoriosa. Uma coisa que sempre costumo dizer: Deus estando no controle, a gente sempre vai para frente. Temos que confiar e crer em Deus, porque tudo está no controle dele e nada é em vão. É assim que eu penso e é assim que eu creio", disse.
Leonardo Ruan de Almeida Barbosa, 17 anos, é outro dos jovens atendidos no Inca. Descobriu que tinha osteosarcoma, tipo de câncer que afeta os ossos, quando um dia acordou com dor no joelho. Procurou um hospital público no Rio, onde não houve o diagnóstico, mas foi encaminhado para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), na região portuária. Lá, os médicos confirmaram que tinha um tumor maligno. Depois de mais um encaminhamento, começou a se tratar no Inca.
O câncer já estava em fase avançada e Leonardo precisou amputar a perna esquerda. A doença, no entanto, não o impediu de retomar as atividades esportivas, paradas com o início do tratamento. Foi um longo período de sessões de quimioterapia e agora está há cinco meses na etapa de controle. Durante cinco anos Leonardo terá que ir ao INCA, mensalmente, para fazer o acompanhamento. "Consegui voltar aos meus esportes, graças a Deus. Hoje em dia eu faço tudo que fazia antes e mais um pouco. Toco violão, treino jiu-jitsu, corro em maratonas de seis quilômetros. Faço de tudo", disse. "Não foi uma perna que ia me deixar abater. Pretendo continuar cada vez mais".
Leonardo disse que aprender a tocar violão foi uma forma de não se abater e se ocupar. "Pelo que a gente passa, depois do tratamento ver que a gente está bem, com possibilidade de fazer tudo é bastante gratificante, porque às vezes sem o tratamento poderia vir a falecer ou acontecer coisas piores", disse.
Estefany e Leonardo participaram hoje (10) do coral de pacientes jovens que abriu a cerimônia de lançamento da campanha de 2017 do Inca, voltada para o câncer infantojuvenil. Também foi divulgado o Incidência, Mortalidade e Morbidade Hospitalar por Câncer em Crianças, Adolescentes e Adultos Jovens no Brasil: Informações dos Registros de Câncer e do Sistema de Mortalidade, uma versão atualizada e ampliada do estudo publicado em 2008 e, que pela primeira vez, faz um panorama do câncer em adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) no Brasil. Também houve a inauguração da ala de pediatria oncológica do Inca.