A Fisioterapia Oncológica atua eficientemente na manutenção da qualidade de vida de pacientes com câncer. Mesmo assim, até pouco tempo atrás, sua importância no tratamento da doença não era devidamente difundida no país. Felizmente, isto está mudando. Habitualmente, o paciente só procura um fisioterapeuta se houver a indicação de seu médico de confiança. E, cada vez mais, os médicos têm constatado os benefícios da fisioterapia no tratamento dessas pessoas.
Trata-se de uma especialidade cujo objetivo é preservar, desenvolver e restaurar a integridade de órgãos e sistemas do paciente, prevenir e amenizar distúrbios causados pelo tratamento oncológico. Atua no pré e no pós-operatório, assim como durante os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Sua principal meta é mostrar ao paciente a necessidade de retomar suas atividades de vida diária e oferecer condições para isso.
O foco para o tratamento do paciente com câncer deixa de ser somente a cura e o controle da doença. A fisioterapia colabora ativamente na manutenção da qualidade de vida, desde o diagnóstico até o final do tratamento. Reabilita, condiciona e adapta o paciente à sua nova condição. Dispõe de inúmeros recursos específicos, que são utilizados de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, visando sempre o seu bem-estar.
A especialidade é indicada para todas as pessoas que tenham recebido o diagnóstico da doença. Independentemente do sexo, da idade ou do tipo de câncer. Sabe-se que tanto o tratamento cirúrgico quanto o clínico (quimioterapia e radioterapia) podem trazer algumas limitações físicas, funcionais e emocionais ao paciente. Esses fatores impedem ou prejudicam algumas atividades da sua vida diária.
Um exemplo dessas limitações é a que ocorre após a cirurgia em pessoas com câncer de mama. A retirada dos gânglios linfáticos da axila pode causar edema e dificuldade na movimentação do braço. Para evitar a sequela, a partir do pré-operatório, o fisioterapeuta já orienta a paciente sobre os cuidados que deverá tomar com o membro superior do lado da mama a ser operada e sobre exercícios a serem realizados. Após a cirurgia, a paciente passará por uma reabilitação do membro superior para restaurar seus movimentos. Quando há a retirada de gânglios da axila, orientações específicas para essa nova condição são muito importantes para manter a integridade do membro superior e evitar o desenvolvimento do linfedema.
No Brasil, os primeiros passos da especialidade datam dos anos 70. Ainda assim, os tratamentos eram esparsos. Hoje, alguns hospitais já possuem setores que realizam o tratamento, mas estamos longe do cenário ideal. O que é importante que se tenha em mente é que, acima de tudo, a Fisioterapia Oncológica proporciona uma melhor qualidade de vida e reintegra o paciente à sociedade.
*Marília Belmonte e Ana Carolina Agostinho são fisioterapeutas e dirigem o Centro Especializado em Fisioterapia Oncológica (CEFO), primeira clínica do gênero no Brasil – www.cefosp.com.br (com Blue Comunicação)