A informação não é nova, mas só ganhou impulso neste ano. Pessoas que vivem com HIV, mas que estão com carga viral indetectável, não transmitem o vírus sexualmente. Isto significa que casais sorodiferentes, quando uma pessoa tem HIV e a outra não, podem até abrir mão do preservativo, para ter filhos de maneira natural, sem que haja transmissão do vírus. O fato está baseado em diversas pesquisas científicas realizadas na última década e é a base de apoio da campanha internacional Undetectable = Untransmittable (Indetectável = Intransmissível), que ganha atenção especial neste 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids. Essa novidade, porém, ainda causa apreensão entre alguns médicos brasileiros.
A única maneira de se alcançar a carga viral indetectável (até 40 cópias do vírus por mililitro de sangue) é por meio do tratamento com antirretrovirais, oferecidos de graça no Brasil. Se tomar o remédio corretamente, o soropositivo pode alcançar esse status em até seis meses, de modo geral. Para mantê-lo depois, basta não interromper o tratamento e fazer os exames periódicos para monitoramento. Isto evitará que a pessoa desenvolva Aids, como é sabido há muito tempo, e impedirá, segundo as pesquisas, que transmita o vírus aos parceiros sexuais. Não se trata da cura ainda, mas a informação é tratada como revolucionária por estudiosos e ativistas.
Se o tratamento é tão efetivo, a ausência dele é sinônimo de preocupação. Sem tomar os medicamentos corretamente, o soropositivo permanece detectável, com milhares ou milhões de cópias do HIV por ml de sangue; pode tornar o vírus resistente e transmiti-lo a outras pessoas em relações sexuais desprotegidas; e desenvolver a Aids, tornando o organismo vulnerável a doenças oportunistas, que podem levar à morte. Além disso, se o tratamento bem sucedido dispensa o uso de preservativo em relação ao HIV, não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, gonorreia, herpes genital etc – por isso, o uso da camisinha continua fundamental.
Leia mais:
Pesquisas monitoraram dezenas de milhares de atos sexuais desprotegidos
Médicos brasileiros divergem sobre intransmissibilidade do HIV
Conheça Bruce Richman, idealizador da campanha I = I no mundo
Relacionamentos sorodiferentes ajudam a quebrar estigma social
"A gente repassa isso ao paciente com as devidas orientações, no sentido que isso vale para o HIV. Então, uma vez que você tem relação sexual sem preservativo com outros parceiros, o risco de se contaminar com outras doenças, como a sífilis, se torna possível", afirma a médica infectologista Ana Cristina Medeiros Gurgel.
A partir deste ponto, o leitor pode traçar o seu próprio percurso de navegação neste especial sobre HIV do Portal Bonde. Boa leitura!
Pesquisas monitoraram dezenas de milhares de atos sexuais desprotegidos
Médicos brasileiros divergem sobre intransmissibilidade do HIV
Conheça Bruce Richman, o idealizador da campanha internacional I = I
Relacionamentos sorodiferentes ajudam a quebrar estigma social
"Perdi toda a esperança de ter um atendimento médico humanizado", conta professora
Homens, heterossexuais e jovens lideram casos em Londrina
Dezembro Vermelho vai ampliar ações de conscientização
Autoteste de HIV já é vendido nas farmácias e drogarias
Brasil avança na meta 90/90/90 para limitar novas infecções por HIV
Testes, profilaxias e tratamento ajudam a prevenir novos casos
Confira mitos e verdades sobre a transmissão do vírus da Aids