iagnósticos, internações e cirurgias de câncer de próstata diminuíram desde 2020, aponta pesquisa. Consultas ao urologista também registraram uma taxa menor que o esperado -até julho deste ano, foram realizadas 1.812.982, enquanto em 2019 esse número ultrapassou 4 milhões.
Os dados são do Ministério da Saúde e obtidos pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
Outras pesquisas já indicavam que a atenção com o câncer de próstata vinha diminuindo. Um levantamento de janeiro da SBU de São Paulo estimou que aproximadamente 4.560 doentes deixaram de ser diagnosticados no estado em 2020.
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Especialistas citam a pandemia como uma explicação para esse cenário. "A Covid-19 impactou muito a procura dos pacientes a serviços de saúde, resultando numa diminuição de casos diagnosticados", diz Geraldo Faria, presidente da SBU de São Paulo.
O urologista afirma que houve receio de ir a instituições de saúde por causa dos riscos de infecção, mas também foi necessário reorganizar as equipes médicas para atender a alta demanda na pandemia, diminuindo a atenção a outras doenças.
Segundo ele, normalmente já há subnotificação dos casos de câncer de próstata no Brasil, resultando em uma situação "de muita gente com a doença, mas sem diagnóstico". A pandemia, no entanto, piorou ainda mais a situação.
Para Franz Campos, coordenador do Centro de Diagnóstico de Câncer de Próstata do Inca (Instituto Nacional do Câncer), o avanço da vacinação e o controle do Sars-CoV-2 já mostram resultados na retomada aos diagnósticos.
Segundo ele, dados do Inca mostraram que exames de biópsia da próstata, essencial no diagnóstico da doença, diminuíram durante o primeiro ano da pandemia, mas quando se compara 2021 com o ano passado, a procura pelo exame subiu aproximadamente 27%.
Mesmo assim, Faria acredita que é necessário tomar outras medidas para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. Para o médico, o fato de as consultas com urologistas ainda estarem em baixa mostra que as pessoas não voltaram a se preocupar completamente com a doença.
Ele menciona a necessidade de associações de saúde, como a própria SBU, realizarem campanhas que conscientizem as pessoas das avaliações médicas. Além disso, o poder público precisa tomar atitudes para informar a população sobre a importância de ir ao médico, afirma.
Um diagnóstico precoce do câncer de próstata resulta em 90% de chances de cura. Ele também é importante porque a doença não apresenta sintomas nas fases iniciais. Quando o paciente percebe a presença de indícios, como sangramento na urina, já é um indicativo de um estágio avançado.
"O exame anual investiga a possibilidade de haver um câncer que está ali silencioso, então não se deve esperar sintomas para saber se tem ou não a doença", afirma.
A importância da identificação da doença no início também é destacada por Campos, principalmente porque, em média, metade dos pacientes diagnosticados em centros do Inca são de alto risco, afirma o médico.
O tratamento contra a doença evoluiu nos últimos anos e depende do estágio em que se encontra. Os principais métodos são a cirurgia da glândula prostática para retirar o tumor ou a radioterapia.
"Essa cirurgia ganhou um avanço muito grande com a incorporação de técnicas minimamente invasivas, como a cirurgia robótica, que tem um grau de agressividade pequeno", explica Faria. Na radioterapia, já é possível aplicar a radiação somente na região do câncer, sem atingir tecidos e órgãos próximos.
Para casos mais graves, existe a indicação de incorporar "novas drogas orais, [como a abiraterona e a enzalutamida], que facilitam muito o tratamento em pacientes que têm a doença avançada", diz Faria.
Mesmo com os avanços da medicina, o urologista ainda ressalta que "a cura do paciente vai ser feita com o diagnóstico precoce".
"Quando o câncer extrapola [a próstata], sai dali, ganha a corrente sanguínea e vai se localizar em outros órgãos, provavelmente esse paciente vai morrer", afirma.