A perda de audição é um problema que pode indicar a presença de doenças no ouvido. Se for associada a zumbido e tontura, a perda de audição pode ser resultado da otosclerose. Segundo a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, a otosclerose é uma doença em que o processo de formação e reabsorção do osso labiríntico pode fixar a cadeia de ossículos do ouvido. "A imobilidade do estribo impede que as ondas sonoras sejam transmitidas para o ouvido interno, provocando a perda auditiva", explica a médica.
A audição funciona a partir da captação de ondas sonoras, que são transformadas em sinais elétricos, capazes de gerar impulsos nervosos que são enviados ao cérebro, órgão responsável pela interpretação dos estímulos como som. "O som entra pelo ouvido externo, segue até o ouvido médio, onde as ondas sonoras causam vibrações na membrana timpânica. Estas vibrações movimentam os três ossículos do ouvido – o martelo, a bigorna e o estribo –, e são transmitidas para o fluido que preenche o ouvido interno", esclarece Rita, especialista em otoneurologia.
A movimentação do líquido estimula os receptores nervosos localizados dentro da cóclea para a formação do impulso nervoso, transmitido ao cérebro e interpretado como som. Para a compreensão dos mais diversos sons, diferentes áreas do ouvido interno são estimuladas. "Sem a vibração correta do estribo, a audição não completa a sua dinâmica, pois há interferência na passagem dos estímulos sonoros para o ouvido interno, resultando na perda auditiva. Com o passar do tempo, em alguns casos, as estruturas do ouvido também vão perdendo a sua função, o que modifica e aumenta o grau da perda de audição", destaca.
A otosclerose afeta principalmente as mulheres a partir dos 30 anos. Uma pessoa com um dos pais com histórico da doença tem 25% de chance de desenvolver o problema. Quando o pai e a mãe sofrem com a enfermidade, o risco aumenta para 50%. "São comuns às queixas de que os sons de baixa frequência não são ouvidos. O diagnóstico é feito com um otorrinolaringologista, a partir da realização de exames como o audiograma e a tomografia", afirma Rita, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
O tratamento pode ser feito com medicação, na tentativa de impedir a progressão da doença ou contribuir para que ela evolua de maneira mais lenta. Para melhorar a audição é feita a indicação de uso de aparelho auditivo. "Em casos específicos pode ser indicada a realização de cirurgia. O procedimento substitui o estribo comprometido por uma prótese de plástico ou de metal. A intervenção cirúrgica é delicada e por isso é fundamental que tenha a indicação correta e nos casos de doença em ambos os ouvidos, com surdez severa a profunda, está indicado o implante coclear, dispositivo colocado cirurgicamente para estimular diretamente o nervo auditivo que costuma estar intacto nestes pacientes", alerta a especialista, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).