Corpo & Mente

Verão aumenta casos de síndrome do olho vermelho

11 dez 2019 às 10:33

O olho é o órgão que mais sofre no verão por conta das mudanças de hábitos, oscilações do tempo e maior proliferação de bactérias no ar. De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, os prontuários do hospital mostram que a síndrome do olho vermelho aumenta 20% durante a estação. Olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada são alguns dos sintomas.

O especialista afirma que esses sinais podem indicar conjuntivite, alergia, olho seco ou ceratite. "Cada uma dessas alterações tem tratamento específico, mas nos meses mais quentes do ano quatro em cada 10 pacientes já chegam aos consultórios usando colírio por conta própria e por isso colocam a visão em risco”, alerta.


Conjuntivite - A água do mar e das piscinas são os maiores vilões entre crianças porque elas costumam abrir os olhos debaixo d’água. "No mar, este hábito facilita a contaminação por micro-organismos”, afirma o especialista. Isso porque o sal aumenta a perda da lágrima que protege a superfície do olho e fica suspensa na superfície pela córnea, membrana bem fininha de cinco milésimos de milímetros. Já nas piscinas, ressalta o médico, não é só o cloro que deixa os olhos vermelhos. Até as mais bem tratadas contêm bactérias que causam conjuntivite porque geralmente estão cheias de urina, muco de nariz, suor, maquiagem e protetor solar.


O oftalmologista afirma que o excesso de filtro solar ao redor dos olhos somado ao suor facilita a penetração nos olhos de crianças e adultos. Assim, o resultado é que o verão também aumenta os casos de conjuntivite tóxica, uma reação alérgica pelo contato da mucosa ocular com as substâncias do protetor.


Tratamentos - Queiroz Neto afirma que a secreção varia conforme o tipo de conjuntivite. "Na bacteriana é purulenta e ao primeiro sinal devem ser aplicadas compressas mornas mais colírio antibiótico", orienta. "Na conjuntivite viral, a secreção é viscosa e deve ser tratada com compressas frias associadas a um colírio anti-inflamatório não-hormonal nos casos mais leves ou corticoide nos mais severos”, pontua.


Já na conjuntivite tóxica ou alérgica, o oftalmologista afirma que a secreção é aquosa e as compressas frias aliviam o desconforto. Os casos de irritação ocular leve podem ser tratados com colírio adstringente e os mais severos com colírio antialérgico ou corticoide, conforme a avaliação do oftalmologista.


O especialista ressalta que só é exigida receita médica na compra de colírio antibiótico, mas adverte que a interrupção abrupta do uso de corticoide pode causar efeito rebote, ou seja, agravar a inflamação. Já a aplicação prolongada pode induzir à catarata e ao glaucoma. "O uso indiscriminado de colírio adstringente predispõe ao olho vermelho crônico”, adverte.


Olho seco e ceratite - O oftalmologista afirma que no verão os maiores vilões entre adultos são: dormir com lente de contato, abusar do ar condicionado e viagens aéreas longas. Isso porque estas três variáveis ressecam a lágrima e podem tornar a oxigenação da córnea insuficiente.


A córnea, explica o especialista, é uma espécie de lente natural fixa na frente do olho que foca a luz e protege o olho, absorvendo o oxigênio diretamente do ar, não da corrente sanguínea como as demais estruturas do nosso corpo. A má oxigenação predispõe à inflamação ou ceratite, contaminação por bactérias e à formação de úlceras que podem cegar.


É importante lembrar ainda que a produção da lágrima é menor à noite. Por isso, para manter a integridade da córnea, Queiroz Neto recomenda nunca dormir com lentes de contato, mesmo as indicadas para uso noturno. Outras recomendações do médico são não exagerar na exposição ao ar condicionado e retirar as lentes de contato antes do embarque nas viagens aéreas com mais de três horas de voo, já que o ar é mais rarefeito nas cabines, e instilar lágrima artificial durante a viagem.

Para garantir a boa lubrificação dos olhos a principal recomendação dietética do especialista são as fontes de Ômega 3, presente na semente de linhaça, nozes, sardinha, salmão e bacalhau. Os casos mais severos de olho seco, ressalta, têm respondido muito bem às aplicações de luz pulsada que evitam a evaporação da lágrima estimulando a produção da camada oleosa. Geralmente em três sessões a produção lacrimal volta ao normal, conclui o especialista.


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