Punhos, mãos e dedos das mãos, especialmente os polegares, são as principais partes do corpo que sofrem com o uso excessivo de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos.
Com a pandemia, muitas pessoas aumentaram o tempo gasto com essas tecnologias, resultando em problemas nos tendões e articulações dos punhos e das mãos.
De acordo com Walkíria Brunetti, fisioterapeuta e especialista em pilates, muitos pacientes, especialmente as mulheres, chegam à clínica com queixas de dores e inflamação no punho.
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"Temos visto muitos casos da Síndrome de De Quervain, também chamada de tenossinovite estenosante ou tenossinovite de De Quervain. A condição se desenvolve quase sempre devido aos movimentos repetitivos do punho e polegar, comuns em quem usa computadores ou celulares de forma excessiva”, cita Walkíria.
Entretanto, a fisioterapeuta ressalta que essa patologia é mais usual em pessoas que usam celulares, por conta do peso do aparelho de celular
Movimentos repetitivos
A tenossinovite é o termo usado para designar uma inflamação em um tendão. "Temos vários tendões no corpo. A principal função dessas estruturas é conectar os músculos aos ossos, permitindo movimentos como dobrar o dedão, abrir e fechar as mãos etc. Temos tendões em praticamente todas as articulações”, explica Walkíria.
Ao digitarmos uma mensagem no celular, por exemplo, usamos muito os tendões dos polegares. "E a repetição desses movimentos sobrecarrega esses tendões, levando à inflamação. Os principais sintomas são dor, inchaço e dificuldade de realizar movimentos da vida diária, como escovar o cabelo, abrir uma porta, entre outros”, comenta a especialista.
Postura também conta
"As posturas incorretas adotadas pelas pessoas ao usar um celular também aumentam o risco de desenvolver quadros de tenossinovite. Lembrando que nesses casos, outras partes do corpo podem ser afetadas, como ombros, pescoço e cotovelos”, reforça Walkíria.
Risco calculado
Como as pessoas estão nesse período de distanciamento social sem data para acabar, precisamos ser realistas. Ou seja, a tecnologia vai continuar a ter um papel importante para a população por um bom tempo.
"Aulas online, compras, reuniões familiares, atividades profissionais. Tudo pode ser feito por meio do celular ou do computador. Portanto, o mais importante agora é adotar medidas que possam prevenir a tenossinovite”, ressalta Walkíria.
Veja abaixo algumas dicas para proteger os seus tendões:
Use sua voz
Quase todos os aplicativos possuem os recursos de voz. Sempre que possível, mande mensagens de áudio. Até mesmo as buscas no Google podem ser feitas por meio da voz.
Alongue-se
Faça alongamentos das mãos, punhos, pescoço, ombros, braços e antebraços a cada 20 ou 30 minutos quando estiver no celular ou no computador.
Detox digital
Com algumas medidas de relaxamento da quarentena, é possível fazer atividades que não envolvam a tecnologia e, claro, que não sobrecarreguem as mãos. Caminhar, ler um livro, organizar um armário etc.
Exercícios de fortalecimento
O ideal é procurar um fisioterapeuta que possa passar exercícios para fortalecer os punhos e mãos. Mas, há dois movimentos que podem ser feitos em casa. Um deles é usar aquelas bolinhas próprias para apertar e soltar, chamadas de "toning ball”. Outro exercício é pegar um elástico de cabelo, colocar no polegar, dedo anelar e dedo médio, abrindo e fechando. Depois, repita o movimento com todos os dedos.
Capa para o celular
Algumas capinhas para o celular possuem apoios que podem reduzir o esforço na hora de digitar. Sem esse recurso, os polegares são sobrecarregados na hora de digitar e segurar o dispositivo.
Tratamento
Quando a tenossinovite já está instalada, a fisioterapia será recomendada. O primeiro passo é tratar a dor.
"Podemos usar diversos recursos, como a crioterapia, eletroterapia, ultrassom, acupuntura. Em alguns casos, podem ser usadas talas. Quando o quadro doloroso melhora, podemos partir para exercícios de fortalecimento das mãos e punhos, assim como fazer uma reeducação do paciente sobre as posturas mais assertivas ao usar dispositivos eletrônicos”, diz Walkíria.
Entretanto, se o paciente retornar aos velhos hábitos, a chance de ter um novo quadro de tenossinovite é grande.