Com a queda na temperatura nos estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, é comum que a população seja acometida por gripes e resfriados e, para prevenção, muitos fazem uso diário de cápsulas efervescentes de vitamina C, que são vendidas indiscriminadamente em farmácias e sem necessidade de prescrição médica.
Porém, não há evidência científica que comprove que o uso do nutriente previna o surgimento de infecções como gripe (incluindo o H1N1) e resfriados. O apontamento é da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a partir de revisão sistemática do Cochrane Database of Systematic Reviews.
"Nos anos 70 passou a ser amplamente divulgado que a vitamina C poderia prevenir ou até mesmo tratar resfriados, porém isso passou a ser questionado e mais estudado recentemente. Uma revisão sistemática da Cochrane, que incluiu vários estudos comparativos envolvendo mais de 11 mil pessoas, concluiu que o efeito preventivo ou curativo da vitamina C não passa de um mito", explica Rodrigo Lima, diretor de comunicação da SBMFC.
Com essa revisão, foi constatado que os participantes que ingeriram pelo menos 0,2 gramas de vitamina C por dia não tiveram modificação na incidência do resfriado, o que significa que não é eficaz na prevenção da doença. Em outra abordagem, pela mesma revisão, 31 estudos que somam mais de 9 mil participantes, constataram que esse consumo influencia apenas em pequena redução da duração de sintomas de resfriados.
O resultado dessas revisões, comenta Lima, indica que não houve efeito preventivo nem uma amenização dos sintomas quando o resfriado acometeu os participantes do estudo. Dados indicam que o uso da vitamina C no início do resfriado pode ser considerado útil, porém são necessários mais estudos que indicam que a vitamina C tenha algum benefício no tratamento da gripe e resfriado.