Corpo & Mente

Uso de álcool é responsável por metade das licenças médicas no trabalho

18 fev 2016 às 16:03

Apesar de ser um tema tabu dentro do mercado de trabalho, o uso de álcool e outras drogas é um problema real, que afeta a produtividade do trabalhador e gera despesa para as empresas.

De acordo com dados compilados pelo Observatório de Indicadores do Sesi Paraná, nos últimos nove anos (2006 a 2014), quase 350 mil brasileiros se afastaram do emprego (de acordo com o Ministério da Previdência) – só em 2014, foram 46.991 trabalhadores nesta situação, que receberam auxílio-doença. Quase o dobro de afastamentos que aconteceram em 2006 pelo mesmo problema (26.263).


"Quando se fala na prevenção de uso de álcool e drogas, devemos evitar expressões contendo palavras como combate ou ataque, pois, estudos mostram que a concepção de ‘guerra às drogas’ não foi eficaz na sua diminuição. É fundamental a compreensão de que o alcoolismo e a dependência química são consideradas doenças pela OMS – Organização Mundial de Saúde, e que requer tratamento especializado", enfatiza o coordenador do eixo de Prevenção de Álcool e Outras Drogas do Programa Cuide-se+, Fabio Fontoura.


Segundo ele, o conhecimento sobre as consequências físicas, psicológicas e sociais acarretadas pelo uso e abuso de álcool e drogas gera reflexão sobre escolhas e qualidade de vida. Por isso, as empresas e indústrias precisam estar cientes, e saber como abordar o trabalhador. "O International Labour Office aponta que 76% dos adultos dependentes ou abusadores de álcool estão com carteira assinada, dentro do mercado de trabalho. Se uma empresa acredita que está isenta de problemas desta ordem, sem perceber, pode estar adoecendo junto com esse trabalhador", salienta Fabio.


Resultados
Apesar de a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) prever que é possível a demissão por justa causa por "embriaguez eventual ou em serviço", e que 47,90% dos bebedores já perderam o emprego devido ao consumo de álcool (4,60 milhões de pessoas), a prevenção, enfatiza Fabio, é sempre a melhor saída.

"As empresas que participam do programa passam a perceber que o alcoolismo é uma doença, e não uma questão de caráter, como normalmente as pessoas acreditam. E também que esse trabalho de prevenção deve ser contínuo. Porque se trata de uma mudança gradual de hábitos e cultura, e, para implantar esse novo estilo de vida, é importante construí-lo a quatro mãos, com a ajuda de uma consultoria externa, para que a empresa desenvolva esse passo a passo. O engajamento, a qualidade de vida do trabalhador e a produtividade melhoram, e problemas como afastamentos e absenteísmo diminuem", conta o coordenador.


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