Uma pesquisa da Unopar vai identificar a prevalência de comportamentos de risco para a saúde em estudantes universitários paranaenses. A proposta é estabelecer indicadores que possam ser usados posteriormente para a proposição de políticas públicas voltadas à promoção de saúde.
O coordenador da pesquisa, professor Dartagnan Pinto Guedes, explica que os universitários são um público muito importante: "A universidade prepara o futuro profissional para atuar no mercado de trabalho em funções de liderança. Eles são exemplos de modelo de conduta, importantes formadores de opinião. A Organização Mundial da Saúde reconhece que assumir comportamentos nocivos está bastante associado a modelos de conduta. Nós queremos identificar a frequência com que esses comportamentos ocorrem, quais são os fatores que os potencializam e, principalmente, como podem ser modificados", diz ele. "Ao diagnosticar quais são os principais fatores que interferem e prejudicam a saúde dos universitários, no presente e futuramente em idades mais avançadas, nós podemos intervir, implementando ações que possibilitam modificar esses fatores, minimizando os comportamentos agressivos e, por consequência, promover a saúde e a qualidade de vida dessa população", complementa.
Coordenador do curso de mestrado profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde e professor do curso de graduação em Educação Física da Unopar, Dartagnan tem pós-doutorado em Aptidão Física e Saúde e é assessor científico do Programa Paraná Saudável , lançado no inicio de 2011 pelo Governo do Estado do Paraná.
A primeira ação do estudo foi traduzir para o português um instrumento com 120 questões sobre segurança pessoal e violência, uso de substâncias como tabaco, álcool e outras drogas, relacionamento sexual e contracepção, alimentação e prática de atividade física, saúde física/mental e dificuldades para o desempenho acadêmico. Esse questionário, denominado National College Health Assessment - NCHA, é reconhecido internacionalmente e já foi traduzido para seis outros idiomas. As questões são específicas para universitários e incluem ainda, por exemplo, horas de estudo, uso de equipamentos eletrônicos, relação trabalho-estudo, opções de lazer, qualidade das relações inter-pessoais, entre outras.
"Suspeitamos, por exemplo, que os universitários de cursos noturnos tendem a ser mais sedentários, considerando que, em sua maioria, trabalham durante o dia e têm menos tempo para praticar atividade física. Também, acreditamos que muitos desses universitários, em função de sua excessiva jornada de trabalho-estudo, têm dificuldade para se alimentar corretamente, sacrificam seu convívio em família e não atendem adequadamente suas necessidades de lazer; logo, deterioram mais intensamente sua saúde física/mental e recorrem com maior frequência ao uso de substâncias nocivas ao organismo. E, se isso ocorre durante o período de formação universitária, tem grande chance de continuar futuramente", acrescenta Dartagnan.
Outro dado importante do levantamento é relacionar o curso escolhido pelos universitários e seus comportamentos de saúde. "Já se sabe que em outras culturas universitárias, nos Estados Unidos por exemplo, os acadêmicos de determinados cursos são os que mais fazem uso de drogas ilícitas, outros consomem mais bebidas alcoólicas e se envolvem em eventos de violência. Queremos verificar se essa relação curso-comportamento de risco também ocorre nas universidades paranaenses", destaca o professor.
A pesquisa vai selecionar uma amostra de aproximadamente 7 mil universitários de 20 universidades públicas e privadas de todo o Paraná. O questionário começa a ser aplicado no segundo semestre deste ano. "Queremos ter os primeiros resultados preliminares já em 2014", destaca o coordenador. Além do professor Dartagnan, participam da pesquisa o professor Márcio Teixeira, também do curso de Educação Física, e uma equipe de pós-graduandos da Unopar. O projeto recebe recursos financeiros do CNPq e apoio da Secretaria de Ensino Superior e Tecnologia (SETI).