Corpo & Mente

Tratar timidez e ansiedade sem medicamentos é possível

21 jan 2010 às 19:36

Atualmente, os tratamentos mais indicados para combater ansiedade crônica e timidez são os que combinam medicação ansiolítica com psicoterapia. Esta última visa, entre muitas coisas, auxiliar o indivíduo no resgate da autoconfiança necessária ao domínio das crises, através da consciência de si próprio dispensando o uso de medicamentos.

O médico, pesquisador e palestrante José Moromizato, que hoje é considerado um dos grandes incentivadores da medicina psicossomática (ramo da medicina que interpreta as moléstias orgânicas através da mente), explica que o corpo reflete o que as pessoas pensam e sentem. "É imprescindível que cada um faça uma reflexão junto ao profissional de saúde a respeito da vida atual que leva antes de começar qualquer tipo de terapia. "Tenho sido muito radical com as pessoas e comigo mesmo?" ou "Minha ansiedade é tamanha que domina meus pensamentos, minhas decisões?".


A ansiedade é uma sensação inerente ao ser humano e que o leva a tomar decisões, agir de forma a se defender-se do perigo. "O grande problema é quando essa sensação torna-se presente de maneira exacerbada, diminuindo o prazer de trabalhar, estudar, e comprometendo os relacionamentos de modo geral. É importante esclarecer que esse problema é essencialmente emocional, e mesmo apresentando tantos sintomas físicos ela não mata, ao contrário da sensação de quem está em crise eminente", afirma Moromizato.


O relaxamento praticado em consultório por Moromizato tem seus fundamentos e princípios norteados pelo Treinamento Autógeno de Schultz, método simples e efetivo, que leva o indivíduo a um profundo nível de relaxamento e traz alívio aos efeitos do estresse. Infelizmente, o mundo ocidental veio a conhecer as técnicas de auto-relaxamento e sugestões positivas com grande atraso em relação ao mundo oriental. Entretanto, se comparado os objetivos destas com a meditação e exercícios de Yoga, é possível encontrar praticamente as mesmas finalidades.


Moromizato defende que o tratamento é a redescoberta da meditação oriental pelo ocidente. A sensação de equilíbrio também é cumulativa, e se reflete no organismo, aumentando os níveis de endorfina, concentração, performance intelectual, coordenação física, estabilidade emocional e maior capacidade de enfrentamento de doenças. "A técnica age como um facilitador da homeostase corporal (equilíbrio das funções vitais do corpo humano), promovendo descanso muscular e dilatação dos vasos sangüíneos. O sangue é o principal mensageiro do organismo porque carrega milhares de compostos químicos, essenciais à alimentação celular, além dos seus compostos básicos, que são os glóbulos vermelhos, brancos e as plaquetas. Desta forma, um corpo tenso possui uma circulação sangüínea prejudicada, devido ao fechamento dos vasos", explica o especialista.


Quando o indivíduo tem a prática diária de relaxar, seus vasos sangüíneos estão propensos a maior elasticidade e o sangue tende a circular com maior facilidade pelo corpo, chegando, inclusive, às extremidades com mais eficiência.


Além do relaxamento, o médico utiliza em sua terapia a oxigenação e a repetição de sugestões positivas, enquanto o paciente relaxa. "A oxigenação é fundamental para o bem-estar e funcionamento do organismo físico e mental. Podemos ficar alguns dias sem comer ou beber água, mas nosso organismo não suportaria a falta de oxigênio por mais do que cinco minutos. Como exemplo, uma das primeiras reações que o organismo manifesta nos primeiros minutos de déficit de oxigenação é o rebaixamento da consciência. Isto leva à evidência de que respiramos menos enquanto dormimos. A atividade cerebral tende a desacelerar, também, quando estamos em estado de descanso. Portanto, a terapia com oxigênio promove a manutenção da atividade cerebral, mês a mês, em níveis mais profundos de relaxamento. Esse evento torna-se muito importante para a etapa seguinte, que é a repetição de sugestões positivas".


Estas foram acrescentadas ao relaxamento, no momento em que o Moromizato teve consciência de que tudo o que é assimilado na vida é através do aprendizado. "Essa mesma percepção foi obtida por teóricos da Neurolingüística e de diversas teorias comportamentais contemporâneas, que foram divulgadas a partir dos anos 70. No entanto, os conhecimentos nesta área já datavam do início do século passado, ou ainda em alguns séculos antes".


A melhora ocorre à medida que o paciente acredita no poder de sua própria mente e na capacidade interior que ele tem de reagir e dominar as crises. Um exemplo vivo disso – os próprios pacientes podem atestar – é quando ao final de cada crise, como por um milagre, tudo volta à normalidade e uma enorme sensação de alívio o faz esquecer daqueles momentos de sofrimento que pareciam ser eternos.


Timidez, um boicote a si mesmo


Desde que iniciou os estudos na psicossomática há mais de vinte anos, Moromizato dirigia-se cada vez mais aos tipos de comportamento que o indivíduo desenvolve em sua personalidade, a partir da sua infância, e como eles afetam o seu corpo, gerando as doenças. "As contrariedades que enfrentamos no cotidiano, por exemplo, se forem reprimidas constantemente, não havendo oportunidade de expressá-las (o famoso dito popular "engolir sapo"), acabam gerando penosas gastrites nervosas, e até mesmo colites ulcerativas. A falta de decisão e iniciativa às vezes leva o indivíduo a sofrer de problemas na coluna, justamente por falta de se ter uma postura na vida".


Uma pessoa tímida, sem dúvida sabe do que se trata. A timidez é característica de quem sente-se incapaz de se expressar diante de um público, ou até mesmo de uma pessoa só, pela qual sinta-se ameaçada. "Nenhum indivíduo nasce assim. Muitos fatores influenciam essas características, mas suas causas geralmente estão na infância e a relação que o indivíduo estabelece com o meio ambiente durante esta fase. Pais muito protecionistas sem perceber, acabam impedindo a criança de desenvolver a capacidade de superar as próprias dificuldades e de tomar decisões sozinhas, quando estes mesmos o fazem freqüentemente pelo filho", relata o médico.


Medos não compensados, sensação de fracasso constante, conceitos e comparações com os irmãos que são feitas desde muito cedo, também podem levar o indivíduo a formar uma idéia negativa de si mesmo, contribuindo para uma baixa autoestima.Toda essa falta de segurança e autoconfiança podem criar tal complexo de inferioridade no tímido, que este caminhará lentamente para um quadro depressivo, ou interferirá em outras doenças, além de impedi-lo ao bem estar no convívio social.

Moromizato afirma que o relaxamento autógeno também trata a timidez. "Contando com o apoio dos entes queridos, o tratamento tem efeito bem mais rápido e positivo. As sessões de técnicas de relaxamento e reprogramação mental vão apoiar o paciente durante as crises e auxiliá-lo a adotar uma forma mais positiva de ver o mundo. Com isso, resgata-se a base emocional, fazendo com que ele resolva todas as emoções negativas que guarda no seu inconsciente. No decorrer das sessões, a pessoa toma consciência do seu poder de decisão, e, com a ajuda profissional, retoma a vida social", conclui o especialista (com assessoria de imprensa).


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