Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a hepatite é a inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, consumo de álcool e drogas, uso de alguns tipos de remédios, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.
Existem cinco tipos de vírus causadores da hepatite: o A, B, C, D e E. No mundo, a hepatite C é a que mais acomete as pessoas, aproximadamente 3% da população mundial, ou seja, 170 milhões de pessoas. "A hepatite C é considerada a principal causa de transplante de fígado em países desenvolvidos e responsável por cerca de 60% das hepatopatias crônicas", afirma Carolina Pimentel, gastroenterologista e hepatologista do Núcleo de Gastroenterologia do Hospital Samaritano de São Paulo.
Segundo a especialista, o vírus da Hepatite C foi identificado em 1997 e, desde então, várias tentativas de tratamento vem sendo desenvolvidas. Desde os primeiros tratamentos, todos incluíam a utilização da medicação Interferon, que apesar de ter revolucionado o tratamento na época – já que não existiam medicações efetivas – também trouxe uma série de efeitos colaterais.
"Esse tratamento envolve injeções, que trazem muitos efeitos colaterais e podem ter complicações graves. Para os pacientes com o genótipo 1 do vírus, o mais comum, a utilização desta medicação, juntamente com a ribavirina (comprimidos), conseguia taxas em torno de 50% de cura durante tratamentos de 12 meses ininterruptos", destaca.
Mais recentemente, explica Carolina, novas medicações ganharam espaço neste cenário, como o telaprevir e boceprevir. "Apesar da melhora nas taxas de sucesso (60-70%), para os portadores do genótipo 1, trouxeram ainda novos efeitos colaterais e apresentam o incômodo de várias tomadas ao dia, dificultando a aderência ao tratamento".
A grande esperança, de acordo com a especialista, surgiu no final do ano passado com a aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA - órgão norte-americano responsável pela regulamentação de alimentos e remédios) das medicações sofosbuvir e simeprevir. "Após esta aprovação, várias outras drogas e novas combinações de medicações de classes semelhantes começaram a ser apresentadas em congressos internacionais. Além disso, as novas drogas aumentaram as opções terapêuticas para outros genótipos do vírus C, como os tipos 2 e 3, que até então não tinham opções, além do Interferon e Ribavirina", afirma.
Para a gastroenterologista, o avanço desse tratamento deve-se à possibilidade de usar apenas medicamentos via oral e por tempo reduzido, sendo alguns casos em apenas oito a doze semanas, além de taxa de sucesso terapêutico que pode chegar a 95%.
"Esta nova proposta de tratamento vem ganhando força e incentiva a adesão dos pacientes pela praticamente ausência de efeitos colaterais e altas chances e cura. Essa vantagem aplica-se especialmente em grupos mais vulneráveis aos efeitos adversos das drogas, como transplantados e pacientes com cirrose hepática", destaca.