Homens mais velhos com níveis baixos de testosterona podem perder peso tomando suplementos de hormônio masculino, indica um estudo recém-publicado. Injeções de testosterona aplicadas por cinco anos em um grupo de teste formado por 115 homens inicialmente com 61 anos, com produção insuficiente do hormônio, permitiram uma perda média de 16 kg. A pesquisa foi apresentada durante o Congresso Europeu de Obesidade em Lyon, França. Além disso, a testosterona aumentada melhorou a energia e a motivação para se fazer exercícios físicos.
Porém, a utilização para emagrecer merece cautela, segundo o oncologista Dr. Anderson Silvestrini, presidente da SBOC – Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Isso porque o hormônio esteróide, secretado pelos testículos do homem e, em menor quantidade, pelos ovários da mulher, afeta o desenvolvimento cerebral e o comportamento sexual, e tem sido vinculado ao câncer de próstata e a doenças cardíacas.
"A testosterona sintética é uma droga que pode trazer sérios efeitos para a saúde. Como tratamento em massa para a obesidade não é significativa. Não se deve correr o risco de desenvolver câncer de próstata ou doença cardíaca por um pouco de perda de peso. Que, além de tudo, não será duradoura, só permance enquanto se estiver tomando o hormônio", comenta o médico.
Obesidade, também um perigo
Ao mesmo tempo, o especialista adverte que é fundamental manter o peso sob controle, mesmo porque homens com sobrepeso de mais de 20 quilos têm duas vezes mais chances de desenvolver tumor de próstata. A informação é de um estudo recente realizado por cientistas australianos e publicado pela Revista Internacional do Câncer, foram analisados os casos de 17 mil homens entre 40 e 69 anos de idade.
Silvestrini explica que assim como os hormônios, a quantidade de células de gordura é responsável pelo desenvolvimento da doença. "O excesso de gordura desequilibra o metabolismo e, dessa forma, altera também os níveis de testosterona, fazendo com que as células saudáveis sejam agredidas e transformadas em precursoras de um tumor."
Se obesidade pode vir a provocar câncer, tomar hormônios para emagrecer também não é indicado. Então, qual seria a solução? Especialista reforça que o ideal é a prevenção: "alimentação saudável somada à prática regulares de exercícios físicos é essencial para o combate à obesidade e ajuda a evitar não só o câncer de próstata como uma série de outras doenças", afirma.
Estatísticas, prevenção e tratamento
Dados recentes divulgados pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) mostram que o câncer de próstata figura como o segundo, atrás somente do câncer de pele, mais comum entre os homens no Brasil e o sexto tipo mais prevalente no mundo, representando cerca de 10% do total das neoplasias. Considerado um tumor da terceira idade, cerca de três quartos dos casos acometem pessoas com mais de 65 anos.
Diante da alta incidência, tão importante quanto a prevenção é o diagnóstico precoce e, em qualquer que seja o tipo de câncer, é consensual que a doença não precisa estar associada a um atestado de morte. "Com as novas descobertas, tratamentos individualizados de acordo com a linha histológica e drogas cada vez mais avançadas e alvo-específicas, as taxas de remissão ou cura são hoje uma realidade incontestável, ao mesmo tempo em que a qualidade de vida do paciente é cada vez maior", destaca o Dr. Silvestrini.
Para o câncer de próstata, por exemplo, a medicina conta com alternativas cada vez menos dolorosas. Uma dessas substâncias é o acetato de leuprorrelina, comercializado como Eligard®. Com aplicação subcutânea (sob a pele), agulha mais fina e aplicado apenas trimestralmente, proporciona maior conforto, comodidade e qualidade de vida, aumentando dessa forma a aderência do paciente ao tratamento.